O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é usado em reajustes de aluguéis (Arquivo Hoje em Dia)
Investir em imóveis e viver de renda é o sonho de muita gente. Com a crise econômica e os preços dos empreendimentos em queda livre, o desejo ficou mais próximo da realidade para quem tem dinheiro na mão. De acordo com o Índice Properati Hiperdados (IPH), o valor médio do metro quadrado dos imóveis residenciais usados em Belo Horizonte caiu 5,31% em 12 meses, sem descontar a inflação. Embora os valores estejam mais atrativos, é necessário tomar cuidado para não fazer um mau negócio. O investimento em imóveis é tema do Meu Bolso desta semana.
Em épocas de nebulosidade econômica, conforme afirma o professor de economia da UniHorizontes e consultor financeiro Paulo Vieira, investidores tendem a recorrer aos imóveis. Quem tem dinheiro na mão normalmente consegue valores melhores do que os anunciados, que já estão mais baixos do que os praticados mercado.
Esse tipo de investimento, conforme explica Vieira, é uma forma de atrelar o capital a algo palpável e, assim, dar mais estabilidade ao dinheiro. “Vimos aumento desse tipo de investimento em épocas de confisco, crise e outros. As pessoas, quando se sentem ameaçadas, tendem a apostar nos chamados ‘bens de valor real’ para preservar o dinheiro”, exemplifica.
Mas tudo tem dois lados. O especialista ressalta que investir em imóveis deve ser uma decisão minuciosamente estudada, sem deixar-se levar pelo coração. Um dos motivos é que transformar o bem em dinheiro, caso haja algum imprevisto, não será rápido. E nem sempre fácil. “Se aparecer alguma urgência e o imóvel for o único meio de investimento o proprietário pode ter que vendê-lo por um preço menor do que o esperado. Assim, ele vai perder dinheiro”, afirma.
A manutenção do imóvel também deve ser levada em consideração. Durante os períodos difíceis, é comum que o empreendimento fique parado, sem ser alugado. Nessas épocas, o proprietário deve arcar com a limpeza do bem e cuidar com mais afinco da manutenção.
A forma de pagamento do imóvel tem que ser analisada. “A pessoa não pode pegar um financiamento longo, com taxa de juro alta, para comprar um bem. Nesse caso, é possível que não haja retorno”, avalia.
Embora o setor imobiliário seja cíclico, com altas e baixas, comparar o investimento em terra com aplicações financeiras pode ser uma boa forma de avaliar se a compra valerá a pena. Em 2012 o segmento atravessava uma fase de crédito farto e vendas em alta. Segundo levantamento da FipeZap, o retorno do investimento em imóveis naquele ano girava em torno de 26%, enquanto o CDI, considerado seguro e conservador, pagava 8,4% ao ano.
Já em 2017, o retorno dos imóveis é de 1,7%, contra 13,8% do CDI. Ou seja, no curto prazo, o investimento não parece tão atrativo. Por outro lado, no longo prazo tudo pode mudar. “Imóveis são investimentos de longo prazo. É necessário colocar todos os pró e contras na ponta do lápis. Para algumas pessoas, pode ser uma ótima aplicação. Para outras, não”, pondera Vieira.