Irrigação na medida certa significa retorno econômico ao produtor rural

Jornal O Norte
25/04/2007 às 11:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:03

O bom uso da água na hora de


irrigar as lavouras tem pontos que


devem ser levados em consideração.


O uso excessivo de água pode


ocasionar problemas como a


contaminação do lençol freático e


assoreamento dos rios.


Mas o bom uso espelha


ganhos em todos os sentidos.

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Manejo de irrigação é o segredo para manter o equilíbrio do meio ambiente e ainda reduzir o custo de produção dentro das propriedades rurais. Quem dá a dica é o professor Flávio Gonçalves de Oliveira, também coordenador da área de extensão do Núcleo de Ciências Agrárias da UFMG - Universidade federal de Minas Gerais.

O tema manejo de irrigação será pautado hoje dentro da programação do VI Encontro das águas realizado em Montes Claros desde segunda, 23. Como a sociedade e os órgãos e ONGs que trabalham pela defesa do meio ambiente estão levando a sério o uso correto da água, estão sendo ministrados cursos sobre manejo de irrigação no Núcleo de Ciências agrárias desde a manhã de ontem.

Foram abertas cerca de 40 vagas para cada curso sendo que as vagas já estavam esgotadas ontem mesmo.

Para o professor Flávio o uso do sistema de irrigação pode significar ganho quando a água é usada na medida correta para molhar a lavoura; caso contrário, se a água utilizada for excedente, os problemas podem ser diversos, desde o aumento no custo de energia, bem como ocasionar erosão que consequentemente provoca assoreamento dos rios e ainda pode contaminar o lençol freático.

Flávio conta que a contaminação do lençol acontece justamente quando o produtor ou o irrigador exagera na hora de utilizar a água. Isso acontecendo a água excedente infiltra no lençol levando consigo adubos, fertilizantes, fungicidas e até produtos químicos capazes de gerar um câncer no ser humano.

No caso da erosão, o mau uso do manejo de irrigação vai certamente provocar agressão ao meio ambiente.

- Se a água é bem utilizada, ganha o produtor com a redução dos custos de produção, que implica redução na conta de energia ao final do mês, assim como se otimiza os recursos hídricos resultando num retorno econômico desejado - diz o professor.

A questão da irrigação das lavouras e a preservação dos mananciais tem sido tão discutida nos últimos tempos que até o cadastramento dos produtores no processo de outorga da água das bacias hidrográficas deixou os produtores preocupados. Sabendo que há futuramente a possibilidade de o Comitê de bacias vir a cobrar o uso da água, o que os produtores temem é o valor a ser cobrado.

Sobre o assunto o professor Flávio lembra que nesse primeiro momento o Comitê apenas quis identificar os usuários da água dos rios, para que haja distribuição adequada para todos os usuários da água. Senão, afirma, corre-se o risco de outros rios secarem como é o caso do rio Verde Grande.

GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Segundo Everardo Chartuni Mantovani, professor do departamento de engenharia agrícola da Universidade federal de Viçosa, o gerenciamento da irrigação pode contribuir como instrumento na maximização da rentabilidade na agricultura irrigada do Norte de Minas.

A irrigação também tem que significar desenvolvimento. Comentou ainda que a engenharia brasileira que fabrica equipamentos para irrigação é uma das melhores do mundo e que o sistema técnico de gerenciamento pode ser um aliado na hora de optar pelo gotejamento, aspersão, micro-aspersão, entre outros.

Já houve registros de perdas de culturas porque receberam muita água. Nessa hora o manejo deve contar. Em cada propriedade é necessário que se tenha acompanhamento de um profissional que estude com o produtor quando e quanto se deve irrigar, mesmo porque a irrigação também depende do gerenciamento da produção de solo, clima e água. Nada pode ser negligenciado, defendeu Everardo.

- Posso dizer que a incerteza leva ao gerenciamento empírico e pode significar em alguns casos a perda de renda.

Especialistas acreditam que a agricultura irrigada é o futuro mais rentável dos próximos anos, mas é preciso que o produtor tenha uma estrutura montada dentro de sua propriedade. Um treinamento para saber o funcionamento dos sistemas como o pivô, aspersão podem servir para que se criem novos sistemas. O mais interessante é que quem usará o sistema de irrigação saiba da importância de continuar um programa de gerenciamento.

ECONOMIA

Os especialistas dizem que o processo de outorga da água na região pode dar mais segurança aos produtores, porque ele saberá quanto estará gastando de água. Segundo a Agência nacional das águas, no gerenciamento da irrigação, desde a captação até a aplicação, o usuário deverá buscar uma eficiência de uso da água mínima de 65 %.

Hoje quem molha suas culturas à noite, economiza cerca de 14 a 18%.  Pela manhã para quem irriga, a tarifa cobrada fica na casa de 60%, sendo que à noite a tarifa é de 40%.

Everardo afirma que o produtor não sabe ler a conta de energia e que por tal motivo é preciso ter como auxílio a experiência de um profissional. O uso de tabelas também pode ser usado como acompanhamento para gerenciar a irrigação.

Essa tabela estipulando as formas de manejo e os cálculos do que está sendo aplicado na propriedade tem feito frutos crescerem em algumas regiões onde esse método foi usado. O professor mostrou que o crescimento dos frutos chegaram a 100%.

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