O Exército de Israel anunciou neste domingo (13) a autorização para que colonos judeus estabeleçam um enclave em um bairro palestino de Hebron, cidade da Cisjordânia ocupada. Diante do risco de prejudicar ainda mais as conversações de paz entre israelenses e palestinos, a ministra da Justiça de Israel, Tipzi Livni, e o principal negociador palestino, Saeb Erekat, marcaram uma reunião em Jerusalém para domingo à noite, horas antes do início do feriado judaico da Páscoa; a informação é do Canal 10 da televisão israelense e não foi confirmada oficialmente.
Os EUA, principal aliado de Israel, haviam reativado as conversações no ano passado, com o objetivo de encerrá-las até 29 de abril. Mas Israel continuou a construir assentamentos apenas para judeus em terras palestinas e, no fim de março, descumpriu a promessa de libertar dezenas de presos palestinos. Em represália, a Autoridade Nacional Palestina assinou os pedidos de ingresso em 15 organizações e convenções da ONU. Na última quinta-feira, o Exército israelense autorizou a estatização de 98 hectares de terras a oeste e ao sul de Belém, também na Cisjordânia, para novos assentamentos.
A construção dos assentamentos para judeus em terras palestinas complica os esforços do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, de prorrogar as conversações por nove meses depois do dia 29 de abril.
Em Hebron, colonos judeus começaram neste domingo a mudar-se para um prédio de quatro andares em uma estrada que liga o assentamento judaico de Kiryat Arba a quatro outros assentamentos na cidade e ao sítio sagrado da Tumba dos Patriarcas. Palestinos e pacifistas israelenses disseram que isso deve fazer crescer a tensão com os moradores árabes da cidade, porque o Exército, que já controla 20% de Hebron, terá de aumentar sua presença para garantir a segurança dos colonos.
"Isso é propriedade palestina. Israel está engajado em um ato de roubo e enganação", disse Hanan Ashrawi, que integra o Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). "Enquanto algumas pessoas estão falando sobre a continuidade das conversações, essas medidas mostram claramente a falta de compromisso de Israel com uma solução de dois Estados", disse o ex-negociador palestino Mohammed Shtayyeh.
Referindo-se ao confisco de terras na área de Belém, um funcionário do Ministério da Defesa de Israel disse que os terrenos estão localizados no chamado Gush Etzion, uma das várias regiões de assentamentos na Cisjordânia que Israel pretende anexar formalmente como parte de um acordo com os palestinos. "É território sobre o qual há o consenso de que ele permanecerá em mãos israelenses em qualquer caso", afirmou o funcionário.
O ativista Dror Etkes, do movimento pacifista israelense Paz Agora, disse que "as pessoas que decretaram essa expropriação querem assegurar que as negociações com os palestinos vão fracassar. É um dedo no olho dos palestinos, no meio do processo". As terras estatizadas incluem o posto avançado de Netiv Ha'Avot, ilegal do ponto de vista da própria legislação israelense. Em 2007, o Exército de Israel havia dito que esse enclave provavelmente havia sido construído em terras privadas palestinas. Fonte: Dow Jones Newswires.
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