O novo primeiro-ministro da Itália, o ex-deputado de centro-esquerda Enrico Letta, deu início ao discurso de apresentação de seu programa de governo na Câmara italiana dizendo que o país enfrenta "um dos mais complexos e dolorosos" períodos de sua história desde a Segunda Guerra Mundial. Letta pediu ao Parlamento um voto de confiança na votação que ocorrerá ainda nesta segunda-feira na Câmara e amanhã no Senado. A expectativa é de que ele obtenha o voto de confiança de ambas as Casas.
O premiê disse à Câmara que "reduzir impostos sem aumentar a dívida" será um "objetivo contínuo" do seu governo. Segundo ele, sua administração vai trabalhar para evitar o aumento de 1% no teto do Imposto sobre Valor Agregado (VAT, na sigla em inglês), que está previsto para entrar em vigor este ano. O aumento foi estipulado para ajudar a restaurar a saúde das finanças públicas italianas, mas existe o temor de que a decisão possa pressionar mais os gastos dos consumidores e aprofundar a recessão. Letta prometeu também cancelar um imposto impopular sobre propriedades, criado na gestão anterior.
Letta lembrou que a situação econômica na Itália ainda é séria e que a disciplina fiscal é crucial para reduzir o nível da dívida. O novo premiê fez uma menção especial às reformas institucionais, expressando sua vontade de criar uma comissão para revisar a estrutura geral das instituições do país e frisou que uma nova lei eleitoral daria maior representatividade aos cidadãos. "A comissão para as reformas deve ter início imediatamente", disse ele, estipulando o prazo máximo de 18 meses para o início efetivo das reformas.
Também entre as prioridades do novo governo estão o combate à corrupção e à evasão de impostos. Segundo Letta, essa é a única forma de restaurar a confiança pública na justiça italiana.
Já nesta terça-feira, Letta se encontrará com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em Berlim para conversas bilaterais, segundo informações do governo alemão. Os dois líderes darão uma entrevista coletiva após o encontro, às 13h (de Brasília). O primeiro-ministro afirmou que também vai visitar Bruxelas e Paris com o objetivo de pressionar por mais crescimento na Europa. Ele disse que a região enfrenta "uma crise de legitimidade".
Letta foi formalmente empossado no domingo como primeiro-ministro da Itália, após alcançar um acordo com o partido Povo da Liberdade, de Silvio Berlusconi, e o grupo Escolha Cívica de centristas, do ex-primeiro-ministro Mario Monti. O acordo deu fim aos mais de dois meses de impasse político na Itália após as eleições inconclusivas de fevereiro.
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