O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, expressou interesse em revisar as metas estabelecidas pelo governo anterior, do Partido Democrático do Japão (PDJ), de desativar usinas nucleares em 2030, informou a agência de notícias Kyodo. "Eu promoverei medidas políticas responsáveis", disse Abe a repórteres em Fukushima.
Os comentários de Abe foram feitos depois de uma inspeção à usina de Fukushima Daiichi na cidade que está localizada no nordeste do Japão e onde ocorreu a pior crise nuclear do país, quando um terremoto e um tsunami atingiram a região em março de 2011, inundando partes da usina. Abe também declarou que espera "acelerar" o processo de desativação de Fukushima Daiichi.
Mais cedo, o premiê havia dito que a limpeza da usina é um "desafio sem precedentes". "O enorme trabalho para o desmantelamento da usina é um desafio sem precedentes na história da humanidade", afirmou Abe, que tomou posse na quarta-feira (26). "O sucesso no desmantelamento levará à reconstrução de Fukushima e do Japão".
A viagem do primeiro-ministro para o local ainda em ruínas é parte do esforço do novo governo para resolver uma questão que tem sido um ponto importante durante os últimos dois anos - se o Japão vai continuar ou não com seu programa de energia nuclear.
O governo anterior havia prometido acabar com a energia nuclear no país ao aposentar reatores antigos e não substituí-los. Mas o Partido Liberal Democrático (PLD), de Abe, que ganhou força após as eleições deste mês, disse que tem planos para usar os próximos dez anos para estudar a melhor combinação de fontes energéticas para o Japão. Abe já havia declarado que pode reconsiderar a decisão do antigo governo sobre eliminar a construção de novos reatores.
Desde o acidente em Fukushima, todos os reatores nucleares do Japão entraram em manutenção e apenas dois dos 50 equipamentos estão atualmente em funcionamento. Observadores acreditam que o Japão vá reiniciar seu programa nuclear com a volta do PLD ao poder. Contudo, parte da opinião pública acusa o PLD de ser parcialmente responsável pela extensão da catástrofe de 2011, por causa da sua cultura de cumplicidade em mais de cinco décadas de governo. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.
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