(ALEX GRIMM)
A imprensa alemã criticou nesta quarta-feira (16) os jogadores da seleção do país, campeã do mundo, pela dança que fazia piada com os argentinos, derrotados na final da Copa do Mundo por 1-0, durante as comemorações do título em Berlim.
Encurvados e de cabeça baixa, seis jogadores da Mannschaft cantaram: "Assim caminham os gaúchos, os gaúchos caminham assim". Na Alemanha, os argentinos são chamados de gaúchos. Em seguida, com uma postura corporal correta e orgulhosa, cantaram: "Assim caminham os alemães, os alemães caminham assim".
Os jogadores repetiram a sequência várias vezes, o que provocou os aplausos do público, em um país onde qualquer gesto de orgulho nacional continua provocando muita polêmica. Diante de centenas de milhares de torcedores, e de milhões de telespectadores, durante os festejos no Portão de Brandemburgo na terça-feira, a 'dança' foi repetida por Mario Götze, autor do gol do quarto título mundial da Mannschaft, Miroslav Klose, Toni Kroos, André Schürrle, Shkodran Mustafi e Roman Weidenfeller.
"A dança dos gaúchos foi de mau gosto. De repente, a modéstia alemã desapareceu no triunfo", afirma o jornal Tagesspiegel. "A alegria não é suficiente, eles apenas obtêm prazer completo vendo sofrer um pouco os vencidos (...). Eles não tinham má intenção, isto é certo, mas demonstram que no futebol não há apenas cretinos, mas também 'megacretinos'", completa o jornal de Berlim. "A festa do Portão de Brandemburgo se transformou em um gigantesco gol contra. Com uma piada ruim os campeões mundiais alemães prejudicam a imagem de uma nação aberta e tolerante", critica o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Para o Tageszeitung, os jogadores não demonstraram respeito. O tema provocou um amplo debate nas redes sociais. Parte dos alemães defenderam uma piada sem intenção ruim dos jogadores e denunciaram uma forma de 'autoflagelação' tipicamente germânica, ao mesmo tempo que outros internautas expressaram "decepção e vergonha" com a provocação. O jornal Die Welt tentou fazer uma análise mais equilibrada. "É verdade que não foi uma cena muito elegante. Mas também não devemos exagerar".