A entrevista pouco usual de quase uma hora e meia que o papa Francisco concedeu a jornalistas que o acompanhavam no voo do Rio para Roma, depois de sete dias de Jornada Mundial da Juventude, foi destaque nos principais jornais do mundo. A disposição do pontífice em falar sobre questões delicadas para a Igreja Católica, como escândalos de corrupção e de pedofilia, foi elogiada pela maior parte das publicações, que deram à coletiva adjetivos como "amável", "franca" e "notável". A posição defendida por Francisco em relação aos homossexuais dominou as reportagens, que reproduziram diversas vezes sua declaração no título. "Se uma pessoa é gay e procura Deus, quem sou eu para julgá-la".
Para o jornal britânico The Guardian, esta segunda-feira (29), foi o dia em que "o papa alcançou o público gay". O jornal americano New York Times, por sua vez, classificou o pronunciamento "como uma aproximação conciliatória de tirar o fôlego para questões cruciais que dividem os católicos". O periódico também qualificou a conferência como "sem precedentes".
O italiano Corriere Della Sera afirmou que a fala de Francisco foi "uma lição de liberdade que terminou com um aplauso geral de 70 jornalistas de todo o mundo." O Clarín, de Buenos Aires, cidade natal de Jorge Mario Bergoglio, considerou que o papa "abordou quase todas as questões espinhosas que afetam a Igreja". Na visão do jornal espanhol El País, "sem se esquivar dos assuntos mais agudos".
O periódico francês Le Monde, interpretou o comportamento transparente de Francisco "como uma tentativa de dar um outro rosto à Igreja Católica, se diferenciando de seu antecessor conservador, Bento XVI."
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