(Mateus Baranowski)
Turismo e gastronomia selaram ao longo do tempo uma relação que hoje é praticamente indissociável. Quem viaja sempre tem histórias para contar de onde passou e, principalmente, lembranças e recomendações de comidas que confortam a alma.
Com uma bagagem de mais de 13 países dos quatro cantos do mundo e uma paixão pela gastronomia que vem da época que ela ainda não tinha todo o glamour dos tempos atuais, a jornalista e chef de cozinha Valéria Vieira lança o livro “Tempero do Mundo”.
A publicação é muito mais que apenas um livro sobre culinária. É uma simpática mistura de caderno de receitas, agenda e coleção de casos ocorridos. Como escreveu a atriz Carolina Ferraz (que tem um programa sobre o tema no GNT) no prefácio: “É um livro que não pode faltar na biblioteca dos apaixonados por culinária e que não dá para largar antes da última página”.
Formada pela renomada Leiths School of Food and Wine>, de Londres, e à frente de duas das mais respeitadas casas de Brasília – o famoso e sofisticado Piantella, um templo gastronômico com quase 40 anos de tradição, e o Piantas Adega e Bistrô, “o filho mais novo”, que traz um ar mais arrojado à excelência do Piantella –, Valéria afirma que fez este livro com uma pegada mais leve para justamente mostrar que a gastronomia é algo leve e acessível a todos.
“Devido aos programas de TV, à criação de uma literatura gastronômica e à abertura do mercado para importação de ingredientes, a culinária desenvolveu muito e em uma velocidade impressionante aqui no Brasil. Sou de uma época que cozinha tinha zero de glamour. Para você ter ideia, minha mãe tinha vergonha de contar para as amigas que eu estudava gastronomia com receio de me verem como uma simples cozinheira. O pior é que gosto de ser vista como uma simples cozinheira. Essa sou eu!”, conta Valéria.
CAMINHO NATURAL
Valéria, gastronomia e jornalismo sempre estiveram juntos. Ela já teve coluna semanal sobre comidas no Jornal do Brasil; criou as pílulas “Cravo bem Temperado”, veiculadas na Rádio Guarani FM; e publicou artigos na revista Viagens Gerais, sobre os prazeres da cozinha mundial de forma leve, divertida, informativa e sem pedantismos.
“A gastronomia vive uma forte ditadura da moda. Existem épocas em que um determinado alimento ou ingrediente vira o queridinho dos chefs e só se fala ou cozinha ele. Precisamos valorizar mais o conhecimento local. Independentemente de em qual região ou país esteja”.
Como exemplo de uma culinária que conseguiu manter traços da época de criação, Valéria cita a cozinha mineira.
“A gastronomia de Minas é uma mistura saborosa de conhecimentos locais e influência portuguesa. Acho que isso aconteceu por estar longe do mar”, fala a escritora, afirmando que na cozinha dela farinha, ovos, linguicinha e torresmo são ingredientes que não podem faltar.