BERLIM - O jornalista americano Glenn Greenwald, que contribuiu para revelar o vasto sistema de vigilância cibernética americano, pediu em uma entrevista concedida à televisão alemã que Berlim proteja o ex-consultor Edward Snowden por considerar que ele é um "perseguido político". "A Alemanha é um dos países que mais foram beneficiados pelas revelações de Snowden", afirmou em uma entrevista à rede de televisão pública alemã ARD, difundida em seu site. "O governo alemão não é obrigado a reconhecer isso, mas deveria fazer o que ordena a lei, ou seja, proteger as pessoas que são perseguidas políticas", prosseguiu, de acordo com declarações divulgadas em alemão pelo canal. Mas Berlim até agora "tolerou que as autoridades americanas o ameacem e firam seus direitos", insistiu Glenn Greenwald, que anunciou em meados deste mês a sua saída do jornal britânico "The Guardian" para criar um novo veículo. "Os alemães deveriam se perguntar por que seu governo age assim e deveriam exigir que proteja com eficácia os direitos fundamentais de Snowden", disse o jornalista, que vive no Rio. Glenn Greenwald colaborou com o consultor de informática americano Edward Snowden na publicação de uma série de documentos secretos mostrando a existência de uma vasta rede de vigilância eletrônica montada pelos Estados Unidos. Na Alemanha, as revelações sobre o suposto monitoramento de um telefone celular da chanceler Angela Merkel causaram consternação e criaram uma grande polêmica. Glenn Greenwald afirma também que o ex-funcionário americano da Agência de Segurança Nacional (NSA) deveria ser ouvido por uma comissão de investigação parlamentar na Alemanha porque tem "uma experiência enorme" com as práticas da NSA. "Mas ele só fará isso se o governo alemão se comprometer a proteger seus direitos fundamentais", ressaltou. Os deputados alemães terão no dia 18 de novembro uma sessão extraordinária dedicada à espionagem que teria sido feita pela inteligência americana. Várias autoridades políticas pedem que Edward Snowden seja ouvido. Um porta-voz do Ministério da Justiça afirmou que não há obstáculos jurídicos para um convite a Snowden, "contanto que ele esteja apto a recebê-lo, onde quer que esteja".