SÃO PAULO - O estoquista Fabrício Proteus Chaves, de 22 anos, baleado por policiais militares durante o protesto contra a Copa, no último sábado, deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) agora no começo da tarde desta quinta-feira (30). Segundo boletim médico divulgado às 14 horas pela Santa Casa de São Paulo, onde está internado o jovem, Chaves encontra-se em "sob cuidados médicos em leito de enfermaria". O estado de saúde de Chaves é estável e teve melhora significativa nos últimos dias, de acordo com os médicos. Segundo o hospital, ele "está consciente e comunicativo." Em depoimento à Polícia Civil, Chaves disse que levou um tiro antes de sacar um estilete que tinha no bolso. A versão é diferente da apresentada pelos policiais. Os PMs dizem que o primeiro tiro foi disparado só após Fabrício tentar atacar um deles com o estilete. O jovem foi atingido no peito e na virilha, na esquina das ruas Sabará e Piauí, em Higienópolis, região central de São Paulo. Ainda não há previsão de alta para Chaves. Fabrício foi ouvido no leito do hospital. Por estar com o braço paralisado, não conseguiu assinar o depoimento, mas deixou suas digitais gravadas no documento. O conteúdo do depoimento foi relatado por fontes da polícia e confirmado pelo defensor público Carlos Weis, que dá assistência jurídica à família do rapaz. Segundo o defensor, Fabrício agiu em legitima defesa, após levar o tiro. O rapaz nega que carregava artefatos explosivos em sua bolsa, de acordo com o defensor. Ele afirma que as bombas, feitas com latas de cerveja, pertenciam a Marcos Salomão, jovem que foi rendido pelos policiais na rua da Consolação junto com Fabrício. Em seu depoimento, Salomão disse que se rendeu imediatamente, mas que Fabrício decidiu fugir. Ele confirma que estava com os artefatos e diz que os carregava para se proteger dos "atos da Polícia Militar". A polícia diz que Fabrício também portava os explosivos. Segundo o delegado titular do 4º DP (Consolação), José Gonzaga Da Silva Marques, os indícios apontam para reação em uma legítima defesa dos PMs. Fabrício responde a inquérito por desobediência, desacato e resistência.