Juiz de Guantánamo proíbe que governo censure audiência do 11 de setembro

AFP
31/01/2013 às 17:37.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:34

GUANTÁNAMO - O juiz militar que preside na base militar americana de Guantánamo as audiências dos acusados pelos atentados de 11 de setembro de 2001 proibiu nesta quinta-feira (31) o governo dos Estados Unidos de censurar os debates.

Na abertura do último dia desta audiência preliminar e na ausência dos cinco acusados, o coronel James Pohl ordenou que "o governo desconecte o circuito externo ou sua capacidade de suspender a divulgação" dos debates ao exterior da sala do tribunal.

Os debates são divulgados com um atraso de 40 segundos na sala de imprensa e na galeria na qual se encontram os jornalistas, as organizações de direitos humanos e os familiares das vítimas.

Este atraso permite que um oficial de segurança, sentado ao lado do juiz, censure as passagem dos debates suscetíveis de serem classificadas.

Nesta quinta-feira, parte dos debates foi censurada ao se fazer menção ao tema sensível das prisões secretas da CIA, onde os cinco acusados estiveram detidos e foram submetidos a interrogatórios "duros".

O juiz mostrou sua surpresa e raiva quando o interruptor foi acionado sem ter sido informado. "Se outra pessoa (a não ser aquela que está autorizada) controla sem razão e sem explicação o que é dito neste tribunal, vamos ter que realizar uma pequena reunião a respeito", advertiu na segunda-feira.

É a "última vez" que um OCA (a autoridade de classificação do governo) "pode acionar este interruptor", disse o magistrado nesta quinta-feira, após um dia de suspensão das audiências.

"O juiz, e apenas o juiz, é quem decide neste tribunal", acrescentou.

Pouco antes, a defesa havia formulado um pedido urgente de suspensão de audiência enquanto o tema da proteção das comunicações confidenciais entre os advogados e seus clientes não tivesse sido resolvido.

David Nervin, advogado de defesa de Khaled Cheikh Mohamed, o cérebro dos atentados, afirmou que todas as comunicações com seus clientes, incluindo aquelas que ocorrem durante visitas ou na sala do tribunal, são gravadas.

Os cinco acusados, que podem ser condenados à pena de morte pelo assassinato de cerca de 3.000 pessoas, boicotaram novamente as audiências desta quinta-feira.

O julgamento começará em, no mínimo, um ano em Guantánamo.

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