(Marcelo Prates)
O empresário Hugo Alves Pimenta, acusado de intermediar as mortes da Chacina de Unaí, é julgado nesta terça-feira (10) no Tribunal do Júri Federal, em Belo Horizonte. Ele é o último a sentar no banco dos réus neste caso. O julgamento começou com uma hora de atraso, por volta das 9h30.
Até o momento, prestaram depoimento seis testemunhas de acusação, entre elas o delegado Wagner Pinto, que comandou as investigações da chacina, Vilma da Silva Ferreira, primeira policial militar a chegar ao local do crime, Denis Mendes Teixeira, que trabalhou no escritório de contabilidade que prestava serviços para a família Mânica, e Joaquim de Carvalho, auditor fiscal do trabalho.
O auditor, que trabalhou com as vítimas, reafirmou uma denúncia de ameaça feita a fiscais por Norberto Mânica. "Presenciei ameaças de morte de Norberto Mânica contra os auditores". Ele também depôs no julgamento dos irmãos Antério e Norberto Mânica, condenados como mandantes da chacina a 100 anos de cadeia, cada um.
Helen Fernanda Melo, que trabalhou no setor administrativo da empresa de Hugo Pimenta, a Uma Cereais, confirmou que o empresário mantinha relações comerciais com os quatro irmãos Mânica.
Ao todo, 11 testemunhas foram arroladas para o julgamento desta terça-feira. A viúva de uma das vítimas, Martínez Lina de Laia, foi dispensada.
O Conselho de Sentença foi composto por quatro mulheres e três homens. Este é responsável por dar o veredicto de culpado ou inocente.
Entenda
No início de 2004, quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego foram mortos por pistoleiros, quando investigavam denúncia de trabalho escravo em fazendas da região.
Os auditores fiscais Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira caíram em uma emboscada na área rural de Unaí, no Norte de Minas, a 160 Km de Brasília.
O empresário Hugo Pimenta, que era muito próximo dos irmãos Mânica, fez um acordo de delação com a Justiça em 2007 e foi arrolado como testemunha de acusação. Com isso, ganhou o direto à liberdade provisória e também à redução em dois terços da pena, caso seja condenado.
Pimenta teve o julgamento adiado, após um pedido da defesa, que argumentou que o réu não poderia ser julgado no mesmo júri em que também participaria como testemunha.
A previsão é que o julgamento termine nesta quarta-feira (11).
Condenação
Os pistoleiros que executaram os fiscais foram condenados a penas que, somadas, chegam a mais de 220 anos de prisão.
Por serem réus primários, Antério, ex-prefeito de Unaí, e o fazendeiro Norberto vão recorrer em liberdade.