Julgamento da Chacina de Unaí chega no último dia

Bruno Porto - Hoje em Dia
30/10/2015 às 10:27.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:16
 (Bruno Porto/Hoje em Dia)

(Bruno Porto/Hoje em Dia)

O julgamento do fazendeiro Norberto Mânica e do empresário José Alberto Castro, acusados de participação na morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho, chegou nesta sexta-feira (30) no dia decisivo.

O júri recomeçou às 10h30 já na fase de debates entre a defesa e a acusação. Nas próximas oito horas, os advogados e promotor do caso vão tentar convencer os jurados sobre a inocência ou culpa dos réus. A sentença deve ser proferida pelo juiz Murilo Fernandes por volta das 22 horas.

Emoção

Durante sua fala, o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Gustavo Torres, exibiu em um telão fotos dos auditores assassinados da forma como foram encontrados após o crime.

Neste momento, Marinez Lina, viúva de Eratóstenes de Almeida Gonçalves, uma das vítimas, ficou muito emocionada, o que levou o juiz a pedir para que ela se retirasse da sala onde ocorre o julgamento. Mesmo pedindo para continuar acompanhando os debates, ela teve que deixar o recinto e foi acompanhada de outros auditores que acompanham o júri.

Intervalo

A fase do debate, em que a acusação fez sustentação sobre o caso, terminou por volta das 13h30. Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) mantiveram a tese de que Norberto Mânica contratou Hugo Pimenta, réu e delator do caso, dizendo sobre sua intenção de matar o auditor fiscal do trabalho.

Para o MPF, Pimenta teria entrado em contato com José Alberto Castro, que por sua vez foi o intermediário na contratação dos pistoleiros. Castro já confessou participação na morte de um dos quatro fiscais, mas a acusação lhe confere culpa no assassinato de todos, alegando que a confissão teria sido uma estratégia para reduzir a pena.

O julgamento retornará com a defesa apresentando suas considerações. A sentença será proferida ainda hoje.

Confissão

Na quinta-feira (29), no terceiro dia de julgamento, José Alberto Castro confessou ter intermediado um dos assassinatos. O assistente da acusação, Antônio Francisco Patente, pediu a condenação dele por participação em todos as mortes."Foi uma confissão estratégica, com a expectativa subliminar de beneficiar o topo da cadeia", disse.

Mas para o advogado de Castro, Cleber Lopes, ninguém pode questionar a veracidade da confissão do réu. "Foi um ato de dignidade", afirmou.

Acompanhando seu cliente, Norberto Mânica, acusado de ser o mandante do crime, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, chegou a Justiça Federal por volta das 10 horas e disse que vai sustentar que Hugo Pimenta é o mandante. "Todas as provas técnicas contra o Norberto nós derrubamos é todos os caminhos levam ao Hugo", afirmou.

Crime

Em 28 de janeiro de 2004, três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram assassinados em Unaí, região Noroeste de Minas. O quarteto foi executado enquanto seguia para fiscalizar fazendas no município. Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), os mandantes foram os irmãos fazendeiros Norberto e Antério Mânica. Os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro foram acusados de intermediários do assassinato.

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Atualizado às 14h00

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