A Justiça concluiu que o assassino confesso da estudante Isabella Perdigão, morta a facadas em abril do ano passado, é doente mental e deve ser internado em um hospital psiquiátrico por tempo indeterminado, pelo prazo mínimo de três anos. No último dia 18, a juíza sumariante Âmalin Aziz Sant' Ana decidiu que Ezequiel Miranda da Silva deveria ser absolvido por inimputabilidade. A família da vítima não concorda com a sentença e a acusação deve recorrer.
A estudante de Economia da PUC-MG Isabella Perdigão, então com 22 anos, foi morta a facadas por Ezequiel na porta do prédio onde morava, no bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste de Belo Horizonte, em abril de 2017. O agressor esfaqueou também o pai da vítima e ameaçou outros familiares dela. O agressor chegou ainda a colocar fogo no apartamento da família da estudante, mas o incêndio foi contido por policiais.
Para Ricardo Valverde, advogado da família de Isabella e assistente de acusação junto ao Ministério Público, o laudo referente à insanidade mental de Ezequiel é inconclusivo. “O texto fala em esquizofrenia orgânica não especificada, derivada do uso constante de bebida alcoólica. Esse laudo não define claramente o problema mental. Além disso, um exame de sangue indicou que ele não estava sob efeito de bebida no dia do crime”, afirma.
Na sentença de absolvição de Ezequiel, a juíza leva em conta a conclusão da perícia de que o denunciado, ao tempo da ação, era inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato. Ela decidiu que Ezequiel seja internado em hospital psiquiátrico por tempo indeterminado, pelo prazo mínimo de três anos.
Como não há ainda vaga para Ezequiel em uma instituição apropriada, ele permanece no Presídio Inspetor José Martinho Drummond, em Ribeirão das Neves, de acordo com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap).
Outra perícia
Segundo Valverde, a acusação solicitou ao Judiciário que outra análise psiquiátrica fosse feita em uma clínica especializada, mas o pedido não foi atendido. O advogado da família da vítima sustenta que o acusado tem, na verdade, psicopatia. “Ele arquitetou o crime por três anos, foi categórico em dizer que vai voltar e terminar o que começou, matar toda a família”, afirma.
O advogado diz ainda que, caso não consiga embargar a decisão judicial, a acusação deverá recorrer em segunda instância, para que Ezequiel possa ser julgado por um júri.