Laudo da PC aponta que tanque da cerveja não estava contaminado, mas confirma toxina na produção

Bruno Inácio
binacio@hojeemdia.com.br
04/02/2020 às 20:10.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:32
 (Ministério da Agricultura/Divulgação)

(Ministério da Agricultura/Divulgação)

A cervejaria Backer vazou nesta terça-feira (4) partes de um laudo preliminar feito pela Polícia Civil de Minas que indicam não haver evidências de monoetilenoglicol e dietilenoglicol no tanque de brassagem, onde a água entra em contato direto com a matéria-prima da cerveja, na primeira etapa da produção. Porém, a perícia vazada mostra que foram encontradas amostras das duas substâncias tóxicas no tanque do sistema de refrigeração e nos tanques de fermentação, além de monoetilenoglicol em uma bombona de metal. 

O documento tornado público nesta terça-feira (4) traz resultados de uma análise feita no dia 13 de janeiro por técnicos do Instituto de Criminalística da polícia e contradiz laudo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que apontava intoxicação também no processo de brassagem, o que contaminaria o produto imediatamente.

Seis dias após a perícia feita pela Polícia Civil, a Backer apresentou uma análise de um químico contratado de forma independente que também negou a presença de monoetilenoglicol e dietilenoglicol no tanque.

O Ministério da Agricultura manteve o resultado inicial de sua perícia, que indica presença das substância tóxicas na água. As amostras foram recolhidas no dia 10 de janeiro, ou seja, antes da coleta da Polícia Civil e também das análises independentes que a Backer solicitou.

A Polícia Civil não quis comentar o vazamento feito pela Backer da perícia preliminar, mas disse que a empresa tem acesso aos resultados já obtidos por ser um direito constitucional da companhia. "Ainda não há previsão para conclusão da maioria dos laudos", informou a instituição.

Já a Backer diz que o laudo confirma o que a empresa já vinha afirmando. A cervejaria negava ter feito compra do dietilenoglicol, mas admite que usava o monoetilenoglicol em processos nos quais ele não tinha contato com as cervejas.

Mais mortes investigadas

O número de mortos por suspeita de intoxicação com dietilenoglicol subiu para seis nessa segunda-feira (3). A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou as duas mortes mais recentes, uma na manhã de segunda-feira e outra no último sábado (1º), de dois homens naturais de Belo Horizonte.

Entre os 30 casos notificados, a intoxicação pelo produto químico foi confirmada em quatro, inclusive em um dos óbitos, os demais permanecem sob investigação. São 22 casos na capital mineira e outros em Capelinha, Nova Lima, Pompéu, Ribeirão das Neves, São João Del Rei, São Lourenço, Ubá e Viçosa.

O Mapa identificou contaminação por dietilenoglicol e por monoetilenoglicol em 41 lotes de dez rótulos da cervejaria Backer: Belorizontina, Backer Pilsen, Backer Trigo, Brown, Backer D2, Capixaba, Capitão Senra, Corleone, Fargo 46 e Pele Vermelha. A empresa está proibida de comercializar os produtos e as autoridades recomendam que os consumidores não bebam nenhum dos produtos da marca.

As investigações em Minas já duram 30 dias e o delegado responsável pelo caso, Flávio Grossi, pretende pedir mais tempo à Justiça para os trabalhos, considerados complexos. Os investigadores já ouviram 24 pessoas, entre prováveis contaminados e familiares. Dentre os entraves, está na Justiça o pedido da exumação do corpo de uma mulher que morreu no dia 28 de dezembro, em Pompéu, na região Central do Estado.

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