Lei Seca é ainda pouco para evitar mortes nas estradas

Do Hoje em Dia
17/02/2013 às 07:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:03

Mais rigorosa desde 29 de janeiro, a Lei Seca passou no primeiro grande teste – o Carnaval. É o que acredita o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que fez questão de divulgar, em entrevista coletiva em Brasília, levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Sustentou que o número de mortos nas rodovias federais brasileiras foi o menor dos últimos dez anos, se considerado, no cálculo, o crescimento da frota de veículos no período. Por esse critério, que tem jeito de marketing, o número de mortos diminuiu 24%, comparado com o do Carnaval de 2012, quando a legislação já não produzia efeito.

Foram 3.149 acidentes registrados pela PRF entre os dias 8 e 13 deste mês, durante a Operação Carnaval. Um número extremamente grande. Nossas rodovias só não parecem um campo de batalha porque as 157 pessoas que morreram em cinco dias queriam apenas se divertir ou descansar da luta diária pela sobrevivência. O mesmo, em relação aos 1.793 feridos nos acidentes. E não se sabe quantos deles morreram depois, nos hospitais. Não é consolo para as famílias saber que, entre um Carnaval e outro, o número absoluto de acidentes diminuiu 10%, o de mortos 18% e o de feridos 19%. De qualquer modo, são números dolorosos – e bastante incompletos.

Pois a tais números de acidentes e de vítimas deveriam ser acrescentados os colhidos pelas polícias rodoviária estaduais. Não há dados sobre quantos morreram ou se feriram nessas estradas, em todo o país. Em Minas, a Polícia Rodoviária Estadual registrou 439 acidentes, nos quais 31 pessoas morreram e 419 ficaram feridas. Apesar da Lei Seca, morreram mais pessoas nas estradas estaduais mineiras, neste Carnaval, do que no de 2012, quando 18 pessoas perderam a vida em 375 acidentes. Aumentou também o número de acidentes.

Ainda, foi dramática a situação nas rodovias federais que cortam Minas: 434 acidentes em cinco dias, 29 mortos e 310 feridos.

O fato é que motoristas, mesmo sabendo que poderão ter sua carteira de habilitação suspensa por um ano e pagar multa de R$ 1.915, continuam bebendo antes de pegar a estrada. Só em Minas, a PRF autuou 269 motoristas por desobediência à Lei Seca, e 74 foram presos por dirigirem com sinais claros de embriaguez. Em São Paulo, pelo mesmo motivo, houve 435 prisões nas rodovias estaduais, número 250% maior que no Carnaval de 2012.

A Lei Seca pouco adianta, se não se mudar, com grande esforço, uma cultura que não respeita a vida.

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