(Editoria de Arte)
Já marcado para maio, em duas datas, no Paraná, o leilão do famoso tríplex atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva coloca, no centro das atenções, uma atividade econômica das mais antigas do mundo, que, ainda hoje, oferece oportunidades para quem precisa se capitalizar, sonha em comprar mais por menos ou pretende investir para alguma transação futura.
Em Minas Gerais, o setor de leilões voltou a operar no azul, após queda no pior ano da recessão. Mesmo assim, as perdas são superiores ao crescimento.
Levantamento feito pela Junta Comercial para o Hoje em Dia, mostra que investidores gastaram R$ 438,38 milhões em leilões judiciais e extrajudiciais de objetos que vão de máquinas a imóveis em 2017. Foram 2.720 operações, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior.
Para quem deseja investir, a perspectiva do setor para esse ano é positiva.
Minas é um dos cinco maiores mercados do país. Há 108 leiloeiros com matrícula registrada na Junta Comercial, órgão que é obrigatoriamente notificado pelas empresas do setor sobre a realização de pregões e valores resultantes.
Em 2015, foram 3.169 eventos, com faturamento de R$ 610,240 milhões.
Em 2016, o número de leilões caiu 18,3% em relação ao exercício anterior, totalizando 2.590 operações, com resultado financeiro de R$ 418,392 milhões.
No Brasil, o setor movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano. Os leilões do agronegócio geram mais de R$ 135 milhões. A venda de veículos também fomenta um tipo de leilão que não para. Há casas que comercializam uma média de 2 mil unidades por mês.
Segundo o diretor financeiro do Sindicato dos Leiloeiros de Minas Gerais (Sindilei/MG), Gustavo Costa Aguiar Oliveira, o segmento foi impactado nos s últimos anos pela crise econômica nacional, com perdas médias de 40%, se comparados aos anos anteriores à recessão, apesar da grande oferta de bens e produtos e o leve crescimento de 2017.
Mas a expectativa para 2018 é de retomada mais expressiva. Oliveira acredita que, com a redução dos juros, os investidores que optaram por concentrar os negócios no mercado financeiro retornarão para os leilões. “Neste momento, o imóvel torna-se um investimento atrativo porque tem rentabilidade garantida”, ressaltou.
Com 58 anos de atividades e foco em leilões de imóveis, a Casa Leiloeira Adegenor Moreira quer recuperar parte da perda de 50% registrada nos anos anteriores. O filho do fundador, leiloeiro Dilson Marcos Moreira, explicou que a retração do setor se deve ao receio dos investidores em “empatar” recursos em um cenário de recessão econômica. “Hoje, temos muitas oportunidades com preços interessantes e há empresas de todos os portes que nos procuram para se capitalizar por meio da venda de máquinas, equipamentos, veículos e imóveis”, comentou.
A tecnologia é uma realidade que mudou o setor nos últimos anos. Dos eventos sociais com a presença de centenas de arrematadores - muitos deles profissionais - a maioria dos certames pode ser acompanhado pela internet, com total controle dos lances dados. “Hoje, 80% dos nossos leilões são online. Os outros 20% são judiciais e não podem ser online”, ressaltou.
Pagamento parcelado
Com sede em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Marco Antônio Leiloeiro atua apenas no segmento de leilões judiciais. O leiloeiro responsável, Marco Antônio de Oliveira Júnior, está otimista. “A lei que parcela o valor da arrematação em até 30 meses, com entrada de 25%, é um incentivo para os investidores”, argumentou.
Deságio
Até mesmo para aqueles que trabalham com leilões oriundos de bancos públicos e ações na justiça “o mar não está para peixe”. A leiloeira Ângela Saraiva é a fundadora da Saraiva Leilões, empresa que está no mercado há 17 anos, com foco em certames que envolvem imóveis retomados pela Caixa Econômica Federal, Justiça Comum e Justiça Federal.
“O ano passado foi difícil por causa da crise. Para 2018, já estamos sentindo uma recuperação, pelo número de visitas ao site da empresa”, avaliou.
Para a leiloeira, o diferencial dos leilões é o preço do bem. Com deságios médios de 50% do valor total, é possível comprar mais por menos.
Angela Saraiva disse que, entre as oportunidades do momento, há uma casa no famoso Condomínio Portogalo, em Angra dos Reis (RJ) que vale R$ 3 milhões nas imobiliárias da região. No certame, já anunciado, o imóvel pode ser vendido por bem menos que R$ 1,5 milhão.
“Geralmente, o lance inicial é a metade do valor do bem e pode ser inferior se for antecipadamente autorizado pelo juiz responsável”, argumentou.
Hoje, além das datas previstas em edital para a visita aos bens de interesse, os participantes de leilões também podem obter informações detalhadas sobre o produto pela internet. “Esse é o nosso termômetro para avaliar que os leilões estão voltando a despertar o interesse dos clientes”, apontou.
Está começando
A agenda de leilões anuais repete a tradição nacional de iniciar as atividades depois do Carnaval. Um dos certames mais esperados será do Tribunal Regional do Trabalho, a ser realizado em 18 de abril, com muitos imóveis, veículos, máquinas e equipamentos oriundos de ações trabalhistas. Tudo está listado no site da empresa.
O que falta, segundo a leiloeira, é maior conhecimento sobre a realização de leilões. “Apesar da curiosidade que as pessoas têm em relação a esse modelo de negócios, poucas são as que realmente conhecem o potencial de negócios que o setor oferece”, adiantou.