Lições de Nova York: Sandy para além do efeito estufa

Do Hoje em Dia
01/11/2012 às 06:27.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:46

Se existe algo positivo na catástrofe de Nova York, é o reconhecimento, por parte do governador Andrew Cuomo, de ser este um fenômeno não mais eventual, mas que se repetirá com frequência, enquanto perdurar o aquecimento global. A partir de agora, a cidade mais rica do mundo vai mudar sua infraestrutura urbana, para tentar diminuir os impactos das catástrofes naturais.

É discutível, tendo em vista inexistir ainda consenso entre os cientistas, que a atividade humana seja a causa principal do efeito estufa que provoca o aquecimento. Na dúvida, a maioria dos países desenvolvidos, mas não os Estados Unidos, aderiu ao Protocolo de Kioto, redigido em 1997, pelo qual se firmava o compromisso de reduzir, até o ano de 2012, as emissões de gases poluentes aos níveis de 1990. Não se pode dizer que o protocolo tenha sido um sucesso. Os Estados Unidos, que emitem aproximadamente 25% desses gases, não aderiram. Alegam que a adesão ao protocolo criaria empecilho ao crescimento econômico do país. E a China, segundo maior emissor, não se viu obrigada a emitir menos poluentes, pois não estava entre os países desenvolvidos.

Num momento em que a principal preocupação do governo Barack Obama é exatamente garantir a volta do crescimento norte-americano, as questões ecológicas foram pouco discutidas na campanha eleitoral que está chegando ao fim. O candidato republicano, Mitt Romney, se declarou contrário a qualquer medida que possa prejudicar o crescimento do país. E o governo democrata, menos radical, pouco pôde fazer em favor do clima mundial.

Não se sabe ainda qual a extensão do prejuízo à economia do país causado pela supertempestade Sandy na Costa Leste dos Estados Unidos, mas ele se conta às dezenas de bilhões de dólares. Isso e mais as dezenas de vidas perdidas talvez possam mudar a mentalidade predominante de dar mais atenção às questões econômicas que às ecológicas. É possível também que o presidente Obama, que arregaçou as mangas nos últimos dias para liderar as ações do governo de socorro às vítimas, saia fortalecido dessa tragédia e vença as eleições.

Sua vitória representaria assim um reforço na luta contra o aquecimento global. O que parece claro é que o ocorrido em Nova York pode se repetir a qualquer momento em qualquer parte do mundo. Inclusive em nosso Estado e em nossa cidade, onde as autoridades têm revelado descaso com as medidas preventivas a uma simples enchente de rio ou ribeirão.

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