Licores artesanais, um doce resgate

30/07/2016 às 16:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:04

Olá, amigo da cozinha,

Hoje trago a você mais uma reflexão sobre identidade gastronômica e alguns antigos hábitos que precisamos resgatar através da valorização de nossa produção artesanal.

Existe um produto que fez parte da história gastronômica no Brasil, especialmente em Minas Gerais, encontrando-se ainda vivo em nossa memória através de filmes ou novelas de época, quando era servido com pompa após as refeições nas principais cenas à mesa, como acontece hoje com o nosso cafezinho do dia a dia.

Quem não conhece os licores artesanais de frutas dos quintais como o famoso jenipapo, que era parte indivisível das fartas mesas nas fazendas mineiras?

No Norte do Estado, reina o maravilhoso licor de pequi, que é uma das referências gastronômicas mineiras, especialmente aquele cristalino e suave, de sabor inigualável que, infelizmente, anda meio desaparecido.

Os deliciosos licores das jabuticabas de Sabará, das frutas regionais como os de marolo ou araticum do Sul de Minas, os de figo, limões e outras frutas encontradas em nossos quintais, tais quais os licores de diversos sabores produzidos pela Beth em seu maravilhoso quintal em Igarapé, hoje estão retornando timidamente ao mercado, mas ainda são tratados como produtos exóticos e vendidos como presentes para visitantes curiosos.

Atualmente, os licores artesanais produzidos no Brasil já se encontram num patamar de qualidade igual ou até superior a muitos importados que aqui chegam como iguaria, e o simples fato de serem de fora tem lhes garantido maior presença na mesa dos brasileiros.

Hoje falo desses produtos nacionais de incontestável valor cultural, cujos produtores se esmeram para garantir suavidade, autenticidade e qualidade na elaboração, já fazendo por merecer o reconhecimento dos consumidores para serem valorizados e oferecidos nos principais hotéis e restaurantes do Estado.

Me lembro de um desses tesouros que um dia ganhei de presente de uma amiga e jamais me esqueci pela delicadeza e profusão de sabores cítricos. Um licor de mexerica, produzido por uma família da região da Serra da Moeda, que não deve nada aos internacionais Grand Marnier ou o também francês já nacionalizado Cointreau, e acredito que hoje, infelizmente, faça parte apenas da história ou das lembranças desta família e de seus privilegiados amigos.

Outro licor de grande qualidade também está sendo produzido aqui pertinho de BH, no distrito de Piedade do Paraopeba: o licor de cachaça Regis Armmont, que tem lugar em qualquer mesa refinada.
Por fim, chamo a atenção para a maior e mais emblemática iguaria digestiva produzida em todos os tempos por aqui em Minas Gerais.

Falo do licor de café produzido pela Vale Verde, um néctar que precisa receber tratamento de estrela internacional e ser valorizado por chefs, garçons e maîtres de nossos principais restaurantes e hotéis. Trata-se de um produto elaborado com cafés especiais premiados da Zona da Mata e uma das nossas melhores cachaças, que jamais poderia ser posicionado como coadjuvante nas casas gastronômicas do país do café e da cachaça, ícones de nossa identidade reconhecidos em todo o mundo.

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