Líderes sunitas podem combater radicais de própria seita

Lourival Sant'anna, enviado especial
16/08/2014 às 09:03.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:49

Líderes da minoria sunita no Iraque acenaram ontem com a possibilidade de ajudar mais uma vez a debelar o extremismo sunita, desde que seus direitos fossem garantidos pelo novo governo do primeiro-ministro interino Haider al-Abadi, da maioria xiita.

Abadi, que deve formar novo gabinete depois que o ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki aceitou finalmente deixar o cargo na quinta-feira, recebeu ontem também o apoio do mais influente líder religioso xiita, o aiatolá Ali al-Sistani.

Um dos mais importantes líderes tribais do país, Ali Hatem Suleiman, admitiu ontem a possibilidade de arregimentar forças para enfrentar os combatentes do Estado Islâmico, que ocupam cerca de um quarto do território iraquiano, em áreas de maioria sunita, no norte do país.

Seria uma reedição do movimento Despertar, que uniu líderes tribais sunitas e, com apoio dos Estados Unidos e do governo iraquiano, expulsou a Al-Qaeda das províncias do norte, entre 2006 e 2009.

Taha Mohamed al-Hamdun, porta-voz dos líderes tribais e religiosos sunitas, disse à agência Reuters que o grupo havia elaborado uma lista de reivindicações, a ser encaminhada a Abadi.

Para iniciar a negociação, Hamdun exige que as forças iraquianas parem de bombardear redutos sunitas e as milícias xiitas também suspendam suas operações nas províncias do norte. O governo de Maliki reprimiu violentamente manifestações pacíficas nas províncias sunitas iniciadas em dezembro de 2011, depois da retirada das tropas americanas.

Os sunitas se queixavam da falta de oportunidades sob o governo xiita. Com a repressão, começaram atentados a bomba executados por células sunitas, que abriram caminho para o avanço do Estado Islâmico, vindo da Síria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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