Livraria Leitura ‘surfa’ em mercado turbulento

Paula Machado
26/12/2018 às 19:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:45
 (Dione Alves/Divulgação)

(Dione Alves/Divulgação)

Líder em Minas e em outros dez estados brasileiros, a Leitura termina 2018 como a segunda maior rede de livrarias do país em número de lojas físicas. Enquanto gigantes do setor como a Cultura e a centenária Saraiva pediram recuperação judicial e anunciaram fechamento de filiais, a empresa mineira cresce em meio à turbulência. 

Questionado sobre o desempenho, o presidente da empresa, Marcus Teles, é categórico: “a crise foi econômica, e não de livros”.

Na visão do atual presidente, a principal razão para a Leitura ter crescido, mesmo no cenário adverso, é ter evitado dívidas. “Fomos contra a correnteza. Enquanto todos apostavam na internet, notamos que o e-commerce vende, mas com prejuízo. Permanecemos na rede por 16 anos e fechamos há quatro, com poucos prejuízos”, diz Teles.

Segundo ele, na web há práticas de venda de livros abaixo do custo – embora estas sejam ilegais – de forma que as empresas do segmento operam sempre no vermelho. “Em 2015 e 2016, quando companhias estavam brigando na internet, acumularam um grande déficit”, afirma. 

Outra estratégia para sobreviver foi a diversificação de produtos oferecidos, comercializando também itens de papelaria, presentes e informática. Hoje, os livros representam 54% das vendas da Leitura, totalizando um giro de 6 milhões de exemplares no ano, 80% deles cedidos no varejo. 

Marcus também atribui o sucesso ao fechamento de lojas com saldo devedor e à abertura de unidades em cidades menos ricas, localizadas em regiões metropolitanas e no interior, carentes em opções de cultura e lazer, porém com grande população.

Próximos passos
Teles está ainda mais otimista para 2019. A Leitura encerra 2018 com 70 lojas, quatro a mais do que no início do ano. O objetivo é abrir mais cinco filiais no ano que vem. Uma delas será no Espírito Santo, ampliando a presença da livraria para 20 estados. 
A aposta é nos novos leitores, já que o segmento que mais cresce é o infanto-juvenil, fomentado por grandes séries. “O leitor digital está decaindo. As pessoas preferem ler publicações com mais de 300 páginas impressas”, diz Teles. 

História
O empreendimento começou em 1967, como “Livraria Lê”. O nome foi adotado em referência às iniciais dos sócios: Emídio e Lúcio Teles, respectivamente irmão e primo de Marcus. O negócio comercializava publicações usadas na Galeria do Ouvidor, no Centro de BH. 

  

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