Lixão em Belém ameaça lençol freático

Carlos Mendes, especial para o Grupo Estado
10/09/2012 às 10:03.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:08

O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) do Pará pediu ao Ministério Público do Estado (MPE) que suspenda a licitação marcada pela prefeitura de Belém para o próximo dia 19 e cujo projeto, estimado em R$ 800 milhões, prevê a utilização do lixão do Aurá, o maior do norte do País - localizado a 19 km do centro da capital - por mais 25 anos.

O engenheiro civil, sanitarista e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Luiz Otávio Mota Pereira diz que o lixão precisa ser fechado com urgência, porque o novo projeto de exploração não possui licenciamento ambiental. Além disso, o local é operado sem técnicas sanitárias e ambientais, contaminando o solo com chorume, chegando ao lençol subterrâneo. O lixão ameaça a qualidade do Rio Guamá, principal manancial para o abastecimento de água da região metropolitana de Belém.

As quase 2 mil toneladas de lixo produzidas diariamente pelas mais de 450 mil residências da capital e de Ananindeua são depositadas a céu aberto. "Estão querendo prolongar por 25 anos um dos maiores crimes ambientais do Brasil", acusa Pereira. A prefeitura, porém, pretende manter o lixão em operação, elevando a cota atual de 20 metros para 30 metros de altura. Os engenheiros do Crea garantem que isso não será possível.

A área está sendo preparada com lama dragada do canal do Tucunduba, que foi descarregada no lixão do Aurá entre janeiro e abril. De acordo com a denúncia, mesmo que fossem somente resíduos domiciliares compactados, não haveria estabilidade para as parcelas de lixo.

Outro grave problema é que o chorume continua penetrando no solo abaixo do lixão. Em 1998, uma tese de doutorado constatou que o chorume fluía para as lagoas localizadas no sul da área, atingindo principalmente os igarapés Santana do Aurá, Jarucá e Santo Antônio. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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