(JOÃO DINIZ/DIVULGAÇÃO)
Antigo parceiro da época do Clube da Esquina, importante movimento musical nascido em Minas Gerais na década de 60, o compositor Nelson Angelo passou dois meses enviando pelo whatsapp letras de música para Lô Borges criar a harmonia. A cada aviso no celular, o cantor transcrevia o material em papel. Menos de uma hora depois, já tinha uma canção pronta. Foi assim, numa colaboração via aplicativo de mensagens instantâneas, que surgiu “Rio da Lua”, o 11º disco da carreira de Borges, que será lançado hoje, às 21h, no Centro Cultural Minas Tênis Clube. “Tudo foi muito rápido. A mensagem chegava e eu passava para um caderno. Não sou avesso à tecnologia. Era uma questão técnica de leitura mesmo, escrevendo à minha maneira”, observa. Em fase bastante prolífica, após realizar, em 2018, turnê comemorativa dos 45 anos do “Disco do Tênis”, o cantor de “O Trem Azul” e “Feira Moderna” aceitou um duplo desafio. Primeiro, nunca tinha feito um disco a partir das letras. “Sempre foi o inverso, começando pela harmonia”, ressalta. O segundo foi musicar os poemas enviados por Angelo. A história do disco começou de forma muito casual, após Angelo assistir, no Rio de Janeiro, ao show da turnê do “Disco do Tênis”, que tinha ainda na plateia Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, também companheiros de Clube da Esquina. “Não nos víamos há muitos anos e ele ficou bastante emocionado. O Nelson acabou escrevendo um texto sobre o encontro, que resolvemos musicar”. Lô Borges define as canções como narrativas do cotidiano, “dele e meu”. Segundo o cantor, não se impuseram nenhum tema ou “algo mirabolante para dizer”. As músicas falam da vida e da amizade, num sentido oposto à turbulência da realidade social e política brasileira. “Não deixamos essa crueldade que está acontecendo no mundo contaminar a nossa música”, assinala.
InspiraçãoApesar de a parceria ter como origem show que reverenciava um disco emblemático do Clube da Esquina, Borges salienta que a única música que carrega um pouco dos ingredientes do movimento é “Partimos”, a primeira a ser enviada por Angelo, que versa sobre a beleza do reencontro. “As demais são aleatórias, com Angelo escrevendo o que pintava na cabeça dele”. Na concepção original, Borges imaginava um trabalho voltado apenas para voz e violão. Quando começamos a gravar, senti que precisava entrar uma outra roupagem, com baixo, bateria, guitarra e teclado, mas o disco continuou com um tom muito calmo. É o disco mais tranquilo que já fiz”, relata o cantor, que aproveitou quase todo o material enviado por Angelo, deixando apenas quatro letras de fora. A única certeza de Borges sobre os próximos passos é que deverá lançar um novo disco de inéditas em 2019. Ele não descarta, porém, criar algo especial para lembrar os 40 anos do LP “A Via Láctea”, que reúne boa parte das canções mais tocadas do artista. “O público está pedindo nas redes sociais, mas o que mais me fascina é fazer um disco com inéditas”, sublinha. Serviço:Show de Lô Borges – Lançamento do CD “Rio da Lua”. Hoje, às 21h, no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube (Rua da Bahia, 2244 – Lourdes). Ingressos: R$ 90 (R$ 45, a meia).