Localiza com o pé no acelerador e câmbio em segunda marcha

José Maria Furtado - Hoje em Dia
06/02/2014 às 08:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:50
 (André Brant)

(André Brant)

“Tudo como antes no quartel de Abrantes”: no ano passado, o grupo Localiza continuou a crescer e chegou a uma frota de 117 mil veículos, próprios e de franqueados, receita consolidada de R$ 3,5 bilhões, além de colher o maior lucro líquido consolidado de sua história, de R$ 384,3 milhões. Ou, 59,5% maior do que o de 2012.

“O lucro foi muito afetado pela manutenção de alíquotas menores de IPI sobre os veículos”, explica Eugênio Mattar, presidente da Localiza.

Com efeito, o crescimento do lucro não decorre só das operações. É que, em 2012, a empresa foi surpreendida pela decisão governamental de redução do IPI para veículos novos, o que gerou perdas (os carros novos, mais baratos sem o IPI, desvalorizaram os usados), e a companhia acabou obrigada a lançar grande depreciação no balanço.

Em 2013, essas despesas não foram tão grandes, o que aumentou a sobra. “Mesmo se extirpados esses efeitos do IPI, nosso lucro ainda seria recorde. Mas, neste caso, o crescimento teria sido de 14%”, afirma Eugênio.

Em 2014, mesmo com os dois grandes eventos do ano, a Copa do Mundo e as eleições, na Localiza o clima é cautelosamente otimista. “Mantemos o pé no acelerador, mas em segunda marcha”, diz Eugênio.

Fora as más perspectivas da economia, há uma outra razão para isso. A Localiza está em todos os estados e ocupou todas as cidades brasileiras com mais de 50 mil habitantes. Menos do que isso é mais difícil. Daí ela aproveitar oportunidades. Em qualquer região, abriu uma indústria, tem investimento no turismo ou na infraestrutura? A Localiza chega lá rapidinho.

Um exemplo: Conceição do Mato Dentro, a 160 quilômetros de Belo Horizonte, é uma cidade na faixa dos 20.000 habitantes.á, a Anglo Gold está abrindo uma mineração de ferro. “Desde o ano passado estamos presentes”, revela Eugênio.

Nova sede

Sem grandes objetivos mercadológicos para 2014, o plano é tocar a construção da nova sede, orçada em R$ 200 milhões, a ser inaugurada em 2016. A Localiza vai de uma Bernardo para outra: da Monteiro, no bairro Funcionários, para a Vasconcelos, no Cachoeirinha.

Serão 25 andares. “Ocuparemos a maior parte logo de cara. O restante virá com os novos funcionários que o passar do tempo nos levará a contratar”, diz Eugênio.

Com o novo edifício, os 1.000 empregados da sede, hoje acomodados em quatro prédios diferentes, ficarão num só local, o que deve gerar ganhos de eficiência, conforto e produtividade.

Diferenças de estilo não atrapalham a empresa

Em maio de 2013, Salim Mattar, na presidência da Localiza desde a fundação, em 1973, deu a vez ao irmão Eugênio. Salim hoje preside o Conselho de Administração e aos poucos se afasta para dar efetividade total a Eugênio.

As diferenças de estilo entre eles são grandes. Salim é mais vendedor. Em público fala com gana a fim de injetar otimismo na equipe. Já Eugênio é mais centrado, polido, politicamente correto, detalhista. “Um é mais do lado do sonho. Outro é mais pela razão. Eles se equilibram”, diz uma executiva da Localiza. “Mas os dois são obcecados pelos resultados”.

Por isso, realmente nada de substancial mudou na empresa, atualmente com valor de mercado de mais de R$ 6 bilhões. “Nós prezamos a melhoria constante. A Localiza muda sempre, mas de forma conservadora. Continuamos com a mesma cultura e valores, porém sempre fazendo melhor o que já fazíamos bem”, diz Eugênio, que a exemplo de Salim, ao completar 65 anos – hoje ele tem 61 – dará lugar a um sucessor.
 

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