Em meio às denúncias de mortes e maus-tratos de gatos no Mercado Novo, no Centro de BH, lojistas que trabalham no empreendimento afirmam que não têm conhecimento desses casos, que foram levados à Polícia Civil na última segunda-feira (13).
Segundo Júnior Diniz, dono de um bar para pets no mercado, nos dois meses em que trabalha no local, presenciou um grande movimento dos lojistas para resgatar e acolher os gatos.
"Todos nós colocamos água e ração nos corredores. O que eu percebo são os lojistas querendo ajudar, fazendo vaquinhas para auxiliar na castração. Nunca ouvi falar de um gato sendo maltratado da forma que foi falado", afirmou.
O lojista contou que as denúncias anônimas geraram ameaças para alguns comerciantes do local. "Um vendedor recebeu uma mensagem nas redes sociais o chamando de 'assassino'. Isso é muito grave".
Quem também disse não ter conhecimento de mortes e maus-tratos contra os felinos do Mercado Novo é Luana Andrade, proprietária de um brechó. "Não temos nenhuma notícia de que tem gato morto aqui, inclusive a administração não tem conhecimento. Essas acusações, além de serem sérias, precisam de provas".
A comerciante, que atua no local desde junho de 2021, acredita que os gatos possam ter sido capturados por pessoas que passam pelo mercado, como já aconteceu no passado. "Uma loja havia adotado um gato preto e fazia todos os cuidados dele, mas infelizmente o animal acabou sendo capturado. O Mercado Novo recebe pessoas o tempo todo. O que eu acho que pode ter acontecido é que algumas pessoas maldosas podem ter capturado os gatinhos", contou.
Luana relatou que os comerciantes organizam vaquinhas para casos em que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) não pode atender ao chamado de urgência. Segundo ela, recentemente, cinco lojistas juntaram dinheiro para levar uma gata ao veterinário. "O animal estava com uma infecção e com vermes no corpo. Agora ela está castrada e aguardando receber alta para voltar para o mercado".
Procurada pela reportagem do Hoje em Dia, a Prefeitura de BH informou que a equipe de Zoonoses da regional Centro-Sul realiza vistorias no local para verificar a situação dos animais, além de repassar orientações a respeito dos cuidados necessários para reduzir o risco de transmissão de doenças. Ainda nesta semana, está prevista uma reunião com os responsáveis do mercado para articular ações em conjunto.
Em nota, a administração do Mercado Novo reconheceu que os felinos fazem parte da história do local desde 1963.
"Ao longo de mais de 60 anos de fundação, há pelo menos duas décadas, os gatos vivem nas dependências do local. Apesar de não ser um espaço apropriado para a permanência dos felinos, bem como para que os mesmos recebam toda atenção e cuidados que merecem, o Condomínio Mercado Novo, responsável por administrar o empreendimento, em parceria com a PBH, por meio do Centro de Controle de Zoonoses, vem realizando a castração dos animais", afirmou.
A estimativa é que existam cerca de 50 gatos nas dependências do mercado, que é considerado "pet friendly".
"Vale destacar que, ainda que alimentados pelos lojistas e até mesmo pelos frequentadores, o Mercado Novo não é o ambiente adequado para que os bichanos tenham uma vida digna, com direito a receber alimentação de qualidade e todos os cuidados médicos veterinários indispensáveis para uma vida longa e com saúde. Repudiamos, veementemente, quaisquer tipos de maus-tratos, violência e assassinatos de animais".
Entenda o caso
Delegacia Especializada de Crimes Contra o Meio Ambiente da Polícia Civil (Dema) teve conhecimento de denúncias anônimas sobre maus-tratos e mortes de gatos no Mercado Novo. Segundo os relatos, os felinos estariam sendo mortos por envenenamento e com o pescoço quebrado.
A Polícia Civil afirmou que abriu um inquérito na Dema para apurar o caso. Uma equipe da Polícia compareceu ao local na última segunda (13) para realizar diligências e localizar possíveis testemunhas.
Veja a íntegra da nota do Mercado Novo:
Leia mais: