Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à presidência da República, falou sobre corrupção, erros, transparência e respeito às instituições na sabatina nesta quinta-feira (TV Globo / Reprodução)
Terceiro entrevistado na série de sabatinas da TV Globo com os candidatos à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou um discurso seguro diante das perguntas dos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos, durante a maratona de perguntas na noite desta quinta-feira (25).
Durante os quarenta minutos da sabatina, Lula admitiu que houve erros na gestão de Dilma Rousseff, na presidência, mas disse que ela teve um primeiro mandato presidencial “extraordinário”, em que conseguiu reduzir o desemprego e incentivou programas sociais.
Mas ele se esquivou de justificar qualquer deslize na gestão da petista, reproduzindo um comentário dela em encontro no último sábado: “Se perguntarem sobre meu governo, não responda. Fala que eu vou lá discutir com eles”, respondeu.
O ex-presidente e candidato do PT à Presidência admitiu na entrevista ao JN que houve corrupção na Petrobras em governos petistas. “Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram", afirmou. Ele criticou as penas reduzidas para os delatores e disse que eles ficaram ricos por causa de suas confissões. “Foi uma espécie de uma delação premiada”, lamentou.
O candidato do PT lembrou do que considerou exagero nas investigações da Lava Jato, de que se ressente e reiteradamente critica. "Ela (a operação) se desviou do seu objetivo principal, de investigar a corrupção, e acabou tendo caráter político”, afirmou. Mas ressaltou que respeita o Ministério Público.
E lembrou a transparência que manteve no governo do PT, que garantiu toda a liberdade de investigação sobre denúncias de corrupção no governo do petista. "A corrupção só aparece quando permitimos que ela seja investigada”, destacou, citando alguns mecanismos criados durante seu governo, como “o Portal da Transparência, a Lei de Acesso à Informação e a Lei Anticorrupção”.
Questionado sobre o que pretende fazer para combater a corrupção, caso seja eleito, Lula respondeu que é preciso denunciar e punir os culpados. “Eu acho maravilhoso denunciar a corrupção”, afirmou aos jornalistas, em rede nacional.
Em uma de suas declarações, o candidato do PT na corrida pela sucessão presidencial lembrou a polêmica envolvendo a troca da direção da Polícia Federal no atual governo. "Bolsonaro troca qualquer diretor na hora que ele quer, basta que ele não goste. Eu não fiz isso e não vou fazer. O delegado não está lá para fazer as coisas que eu quero", disse.
Lula falou sobre o “orçamento secreto” e afirmou que o presidente Bolsonaro é refém do Congresso. “O Bolsonaro não manda nada. Ele sequer cuida do orçamento. Quem cuida é o Lira (presidente da Câmara). Isso nunca aconteceu”, destacou.
Vale lembrar que a partir de 2020, o Congresso aprovou alterações no padrão de execução das emendas parlamentares e criou uma rubrica específica para esses recursos. O relator-geral da Lei Orçamentária passou a incluir emendas sob o codinome RP9, impondo segredo sobre os nomes dos autores.
Ao ser questionado pelos entrevistadores sobre a militância petista que era "agressiva com quem pensava diferente" e que "passou anos dividindo o Brasil", Lula voltou a usar as tradicionais comparações com o futebol e chegou a perguntar se Bonner torcia para algum time.
"No jogo de ontem ( São Paulo e Flamengo, pela Copa do Brasil) o Rafinha (São Paulo) engrossou com o Filipe Luís (Flamengo), depois eles se abraçaram", exemplificou o candidato.
Lula destacou que reduziu a inflação nos mandatos do PT, gerou emprego e reduziu a inflação e a dívida pública, promovendo a maior política de inclusão social que o país já teve. “ E ainda emprestamos dinheiro para o FMI (Fundo Monetário Internacional)”, relembrou. “Eu vou voltar a governar este país para fazer melhor do que eu fiz. (...) Vou voltar para provar que é possível fazer mais”, destacou.
Em suas considerações ao término da sabatina, o candidato do Partido dos Trabalhadores à presidência da República dirigiu-se aos eleitores, prometendo renegociação das dívidas dos brasileiros, pediu um voto de confiança. Lembrou que não existe país rico que não tenha investido em educação e finalizou dizendo que “não existe um país que ficou rico sem investir em educação”.
(*) com Gabriel Rezende, Rodrigo Oliveira e Vanda Sampaio
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