Macedônia atira bombas contra imigrantes que vinham da Grécia

Folhapress
21/08/2015 às 22:45.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:27
 (AFP PHOTO /SAKIS MITROLIDIS)

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A polícia da Macedônia reprimiu violentamente milhares de imigrantes que tentavam entrar no país a partir da fronteira com a Grécia nesta sexta (21), um dia após o governo ter declarado estado de emergência e reforçado o  patrulhamento para conter o crescente fluxo migratório.   Após passarem a noite a céu aberto perto do vilarejo grego de Idomeni, aproximadamente 3.000 imigrantes, muitos com crianças, tentaram entrar na Macedônia e foram atacados pelas forças de segurança, que atiraram granadas de gás lacrimogêneo e de efeito  moral.   A reação desproporcional das autoridades foi criticada  por ONGs como Anistia Internacional e Médicos Sem Fronteiras (MSF), que denunciaram violações aos direitos humanos. Segundo a MSF, pelo menos dez pessoas ficaram feridas. "Eu não sei porque eles [policiais] estão fazendo isso conosco", disse o iraquiano Mohammad Wahid. "Eu não tenho passaporte nem documentos de identidade. Eu não posso retornar e não tenho para onde ir. Vou ficar aqui até o fim."   O caso soma-se a outros episódios trágicos envolvendo imigrantes na Europa. Entre os dias 11 e 12 de agosto, mais de 2.000 refugiados, a maioria sírios e afegãos, ficaram por mais de 24 horas detidos de maneira improvisada em um estádio na ilha grega de Kos. Muitos não tinham acesso à água ou à comida e sofreram insolação.   Em Calais, no norte da França, centenas de refugiados, muitos dos quais iraquianos que fugiram do avanço do Estado Islâmico, tentam chegar ao Reino Unido escondendo-se em trens e caminhões que fazem a travessia pelo Eurotúnel.   Estado de emergência O governo da Macedônia declarou na quinta-feira (21) estado de emergência nas fronteiras e anunciou o reforço do patrulhamento na fronteira com a Grécia, além da instalação de arames farpados, para conter o número maciço de pessoas que tentam entrar ilegalmente no país.   Após o confronto na sexta, porém, a Macedônia anunciou que permitiria a entrada no país de migrantes de "categorias vulneráveis", como famílias com crianças pequenas e grávidas. Algumas centenas de pessoas foram autorizadas a ir até a cidade macedônia de Gevgelija, perto da fronteira, onde a maioria tomou trens para a Sérvia, de onde buscariam chegar à Hungria.   A partir dali, é provável que muitos tentem entrar em países europeus economicamente mais prósperos, como Alemanha ou Holanda. Segundo o governo da Macedônia, cerca de 40 mil imigrantes ou refugiados entraram no país via Grécia nos últimos dois meses.   De acordo com a Frontex (agência europeia de controle das fronteiras), 107,5 mil imigrantes chegaram à Europa somente no mês de julho; 50 mil deles pelo mar Egeu, a maioria por meio das ilhas gregas de Lesbos, Chios, Samos e Kos, que ficam próximas à  Turquia. Entre janeiro e julho deste ano foram 340 mil, número que já ultrapassa o total de 2014, quando 280 mil chegaram à Europa.

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