Novos disparos de armas de fogo foram ouvidos no centro de Kiev, capital da Ucrânia, na manhã desta quinta-feira, apenas algumas horas depois de o governo e os manifestantes anunciarem um acordo de trégua para acabar com a violência que deixou dezenas de mortos nos últimos dias.
Pelo menos dez corpos foram vistos próximos ao acampamento dos manifestantes nesta manhã. Segundo informações do porta-voz do Ministério do Interior, Serhiy Burlakov, um policial foi morto e 28 pessoas foram feridas por tiros.
Testemunhas afirmaram que os manifestantes invadiram as linhas da polícia na Praça da Independência e tentavam seguir para o Parlamento. A agência de notícias russa Interfax relatou que o prédio do Parlamento estava sendo esvaziado e o site da Casa informou que as sessões marcadas para o restante desta semana foram canceladas.
Ambulâncias foram vistas indo em direção à praça e cafeterias do centro da cidade se transformaram em local para triagem dos feridos. Os corpos de pelo menos duas pessoas que pareciam mortas foram vistos sendo carregados de volta para a praça pelos manifestantes. Feridos transportados em macas também podiam ser vistos.
Os líderes dos manifestantes, falando em russo e em ucraniano, convocaram a população para reerguerem as barricadas em torno da praça. Pilhas de entulhos queimavam e soltavam fumaça, enquanto milhares de pessoas, armadas com coquetéis molotov e armas de fogo, permaneciam na praça.
O reinício dos conflitos ocorreu depois de uma breve trégua, anunciada pelo presidente Viktor Yanukovich, que disse que negociações com os opositores iriam começar a dar fim ao derramamento de sangue. Logo após os disparos voltarem a ser ouvidos em Kiev, o porta-voz do governo da Rússia, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia vai continuar fornecendo ajuda econômica à Ucrânia, mas vai aguardar até que a situação se estabilize.
Os protestos contra o governo ucraniano começaram no fim de novembro, quando o presidente Yanukovich desistiu de negociar um acordo de parceria comercial com a União Europeia para se aproximar mais da Rússia. Manifestantes favoráveis a um laço maior com o Ocidente tomaram as ruas e desde então estão acampados na Praça da Independência, conhecida como Maidan. Fonte: Dow Jones Newswires e da Associated Press.
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