Mais da metade dos casos de estupro no Rio a vítima era menor e conhecia o agressor

Akemi Nitahara - Agência Brasil
06/05/2013 às 20:38.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:27

RIO DE JANEIRO – Em 2012, das 6.029 vítimas de estupro no estado do Rio de Janeiro, 82,8% eram mulheres ou meninas, 51,4% tinham até 14 anos de idade, 51,1% conheciam seus agressores e em 29,7% dos casos, o agressor era parente da vítima.

Os dados estão na oitava edição do Dossiê Mulher, lançado hoje (6) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão da Secretaria de Estado de Segurança Pública. O documento tem como base os registros oficiais de ocorrências nas delegacias de polícia de todo o estado.

De acordo com a coordenadora do Núcleo de Pesquisa do ISP, Andréia Soares, o levantamneto indicou que o crime de estupro tem mais chance de acontecer quando mais nova é a vítima e maior a proximidade com o acusado.

“Essas faixas etárias tão jovens, a resistência se torna mais difícil e aumenta a chance do agressor atingir seu intento. E esse agressor, é um outro aspecto muito importante, está dentro de casa. O grau de proximidade entre as vítimas de estupro e tentativa de estupro e os autores é alarmante”.

Andréia explicou que a análise de 2013 foi ampliada com o acréscimo de oito itens: tentativa de estupro; dano; violação de domicílio; supressão de documento; constrangimento ilegal; calúnia, difamação e injúria. Com isso, o panorama sobre a violência contra a mulher foi retratada nas formas física, sexual, patrimonial, moral e psicológica, conforme a Lei Maria da Penha.

“Acrescentar esses títulos fez com que a análise ficasse um pouco mais ampla em relação aos registros da violência. Também o objetivo é servir como um indicativo de que as mulheres estão mais conscientes das várias dimensões da violência a que elas estão expostas, e que não se resumem às agressões físicas, mas a outros tipos de violência”, disse.

Os resultados da pesquisa indicam que as mulheres também são maioria das vítimas dos crimes de calúnia, injúria e difamação (72,4%), ameaça (66,7%), lesão corporal dolosa (65,3%) e constrangimento ilegal (56,6%). Em quase todos os crimes pesquisados houve aumento nos registros, mas, segundo a pesquisadora, não significa que a violência contra a mulher tenha aumentado no período. “Não é necessariamente o aumento da violência, mas é a diminuição da subnotificação. Há várias políticas de conscientização e até de incentivo ao registro, e isso ajuda com que os números cresçam ano a ano”, ressaltou.

A pesquisadora destacou ainda que o levantamento constatou que existe um melhor entendimento da sociedade sobre a Lei Maria da Penha, além de políticas públicas de apoio, como a criação de órgãos e centros especializados no atendimento à mulher vítima de violência.

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