(Arquivo Hoje em Dia)
Acredita-se que cerca de 2 mil pessoas tenham se afogado tentando atravessar o Mediterrâneo este ano, anunciou a agência de refugiados da ONU (Acnur) nesta terça-feira (27), no Dia Mundial do Refugiado, ao mesmo tempo em que relatou novas mortes.
"Esta é uma das rotas mais perigosas do mundo", reportou a Acnur, conforme testemunhas descreveram o horror de ver amigos e familiares se afogarem.
Depois de relatos na segunda-feira de um naufrágio na Líbia que deixou cerca de 130 mortos, a Acnur anunciou temer que dezenas de famílias com crianças tivessem se afogado em um incidente em separado, quando o seu barco partiu ao meio e afundou no país norte-africano.
"De acordo com testemunhas, um barco que transportava pelo menos 85 pessoas quebrou em dois e afundou logo após sair de Sabratha na quinta-feira", disse o porta-voz Federico Fossi à AFP.
Três embarcações de madeira haviam partido do país naquela manhã. Os migrantes que viajavam em um desses barcos foram resgatados no mar e levados para a Itália, onde descreveram o destino dos outros dois.
Um deles foi interceptado pela guarda costeira da Líbia e rebocado de volta para a costa, enquanto eles viram o outro partir ao meio, jogando muitos dos que estavam a bordo ao mar, disse Fossi.
"Alguns sobreviveram, e depois ligaram para as pessoas que conheciam no primeiro barco para dizer que haviam sido resgatados pelos líbios. Nós não sabemos quantos outros se perderam nas ondas", acrescentou. Entre os que se teme que tenham morrido, havia muitas famílias com crianças da Síria e do norte da África.
Mais de 8 mil migrantes resgatados no Mediterrâneo em 48 horas
Uma em cada cinco refugiadas sofreu violência de gênero, revela ONU
Os migrantes levados para a Sicília na segunda-feira informaram aos trabalhadores humanitários de mais um naufrágio, no qual sete pessoas morreram depois de cair no mar, incluindo o marido de uma sobrevivente grávida dos Camarões.
"Esses incidentes são um lembrete dos graves perigos que as pessoas enfrentam quando são forçados a fugir de seus países por causa de guerras e perseguições", disse Cecile Pouilly, porta-voz da Acnur. pessoas tentaram atravessar o Mediterrâneo em direção à Europa", disse Pouilly.
"Apesar do trabalho heroico dos envolvidos no resgate no mar, o número de mortos continua aumentando. Cerca de 2.000 pessoas morreram ou desapareceram desde o início do ano", disse.
A Acnur informou ter pedido operações de resgate "melhoradas" e alternativas seguras para aqueles que precisam de proteção internacional, para que as pessoas não sejam levadas a realizar viagens tão perigosas. A agência também urgiu maiores esforços internacionais para abordar as causas por trás do movimento de pessoas para a Líbia, como os conflitos e a pobreza.