Manifestações na Europa em solidariedade aos migrantes

Agência France Presse
20/06/2015 às 13:57.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:34
 (VALERY HACHE/AFP)

(VALERY HACHE/AFP)

BERLIM  - Milhares de pessoas saíram às ruas neste sábado (20) na Alemanha, Itália e França para expressar solidariedade com os migrantes na Europa e contra a austeridade na Grécia. Em Berlim se reuniram 3.700 pessoas, de acordo com a polícia, 10.000 segundo os organizadores.

Os manifestantes se reuniram sob o lema "Fazer a Europa de outra maneira", convocadas por várias organizações de esquerda, em particular dos partidos da oposição alemã Die Linke e Grünen. Os participantes gritaram frases pró-imigração no Dia Mundial dos Refugiados. "Não às fronteiras, não às nações, parem as deportações" e "Os refugiados são bem-vindos aqui" estavam entre as mais repetidas.

Alguns manifestantes exibiram bandeiras gregas ou cartazes de apoio a Atenas, atualmente em uma fase crítica das negociações com os credores e ameaçada de abandonar a zona do euro. "A Europa tecnocrata, fria e neoliberal dirigida pela Alemanha é insuportável", afirma um cartaz.

Na Itália, na capital Roma, quase mil manifestantes se reuniram diante do Coliseu para defender os refugiados. Também foram registrados atos de apoio à Grécia.

Na França, centenas de pessoas caminharam em Paris em apoio aos migrantes e ao povo grego, liderados por partidos de esquerda.

Missão

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) darão sinal verde na próxima segunda-feira (22) para uma missão naval no Mediterrâneo para enfrentar as redes de tráfico de migrantes. Na sexta-feira (19), os Estados-membros suspenderam todos os obstáculos para o lançamento formal da operação, que começará, de fato, uma semana depois.

No domingo, os 28 chanceleres do bloco estarão reunidos em Luxemburgo. O plano operacional da missão "EU Navfor Med" já foi adotado e será dirigido por um almirante italiano.

Recorde

O número de deslocados e refugiados alcançou em 2014 o recorde de 59,5 milhões de pessoas, em consequência dos vários conflitos no mundo, afirma o relatório anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que se declara cada vez mais sobrecarregado. O Acnur constata um "assustador aumento" do número de pessoas obrigadas a fugir, "com 59,5 milhões de deslocados no fim de 2014, contra 51,2 milhões um ano ante".

Há uma década o número era de 37,5 milhões, recorda a agência da ONU, para a qual o aumento desde 2013 é o maior registrado em apenas um ano. No ano passado, 42.500 pessoas viraram refugiados, deslocados internos ou solicitantes de asilo a cada dia, constata o documento. "Não somos mais capazes de juntar os pedaços", afirmou o Alto Comissário para os Refugiados, António Guterres, que destacou a impotência das agências humanitárias na questão.

"Não temos a capacidade, os recursos para todas as vítimas dos conflitos", disse. "Esperamos alcançar um teto no número de deslocados e refugiados no fim do ano", advertiu Guterres.

A alta do número de refugiados começou a registrar um avanço considerável a partir de 2011, com a guerra na Síria, que provocou o maior número de deslocamento de pessoas já registrado na história.

O Acnur registra pelo menos 15 conflitos nos últimos cinco anos: oito na África (Costa do Marfim, República Centro-Africana, Líbia, Mali, norte da Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi), três no Oriente Médio (Síria, Iraque e Iêmen), um na Europa (Ucrânia), três na Ásia (Quirguistão, várias regiões de Mianmar e Paquistão).

Os três países mais afetados são a Síria (7,6 milhões de deslocados internos e 3,88 milhões de refugiados no fim de 2014), Afeganistão (2,59 milhões de pessoas no total) e Somália (1,1 milhão de pessoas).  Em 2014, apenas 126.800 refugiados conseguiram retornar para suas regiões, o menor número em 31 anos.

 

 

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