(Flávio Tavares)
Viadutos de Belo Horizonte têm passado por um pente-fino realizado por técnicos da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). Um cronograma de manutenções está sendo desenvolvido e as primeiras intervenções começaram a ser feitas ontem no elevado Angola, na avenida Antônio Carlos, bairro São Cristóvão, região Noroeste.
Lá, foi constatado um problema nas vigas de sustentação, que se desgastaram. Um pequeno abatimento já é notado e, para evitar o agravamento da situação, os aparelhos de apoio serão trocados.“Houve um deslocamento, sendo necessário corrigir o prumo do viaduto, ou seja, voltá-lo para o lugar”, explicou a superintendente da Sudecap, Beatriz de Moraes Ribeiro.
A gestora descartou qualquer risco de queda das estruturas erguidas em BH. Ela diz que ainda não há justificativa para o desgaste.“A vistoria e a avaliação desses instrumentos fazem parte da rotina do órgão. As regionais são as responsáveis por apontar possíveis danos e, logo após, a superintendência faz novas observações”, explica. Constatados os erros, técnicos passam a avaliar a necessidade de intervenção, acrescentou a superintendente.
Construção
O viaduto Angola foi construído em 2010. Por estar dentro do prazo de garantia da obra, a manutenção será realizada pelo consórcio Andrade Gutierrez–Barbosa Mello, responsável pela construção. Não haverá ônus à Prefeitura de BH.
Problemas nos aparelhos de apoio são incomuns, mas podem acontecer, afirma a diretora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Valéria Vasconcelos.
Ela diz que, geralmente, as falhas são causadas por problemas na instalação, fabricação do material utilizado na construção ou movimento inadequado de toda a estrutura, o que provocaria um desequilíbrio nas estruturas de sustentação.
Segundo a diretora do Ibape, a obra de 2010 ainda não deveria demandar reparos. “A manutenção é precoce, mesmo sem avaliarmos o motivo que ocasionou a necessidade da troca dos apoios da estrutura”.
Recentemente, o Ibape divulgou estudo sobre os viadutos da capital. Na observação visual, os técnicos da entidade não encontraram indício de falhas. “Foi uma avaliação feita sem exames ou ensaios, mas, de fato, não há aqui viaduto com problemas aparentes”, disse Valéria.
Trânsito
A logística para o reparo do viaduto Angola será complexa devido ao tráfego na avenida Antônio Carlos. De acordo com a BHTrans, cerca de 100 mil veículos passam diariamente na região, sendo quase 4 mil pelo viaduto. A previsão do consórcio Andrade Gutierrez – Barbosa Mello é a de que o serviço seja finalizado em até dois meses.
O elevado será totalmente interditado das 23h às 5h. Durante o dia, porém, a estrutura ficará fechada no trecho entre os bairros Concórdia e São Cristóvão.
Um canteiro de obras será montado no sentido Centro, no acesso ao Hospital Odilon Behrens. Os condutores que quiserem seguir em direção à unidade de saúde deverão usar a faixa à direita da pista, a mesma utilizada para os que cruzam o viaduto rumo ao bairro Concórdia.
De acordo com a gerente de Ação da Regional Noroeste da BHTrans, Maria Inês Franco, veículos de emergência terão trânsito autorizado nas áreas bloqueadas para a obra.
Tanto pedestres quanto motoristas serão orientados por agentes do órgão a respeito das mudanças no trânsito.
Guararapes
Em 3 julho de 2014, duas pessoas morreram e outras 23 ficaram feridas no desabamento de uma das alças do viaduto Batalha dos Guararapes, na avenida Pedro I, no Planalto, região Norte da capital mineira. A estrutura caiu sobre dois caminhões, um carro e um micro-ônibus que passavam pela via.
A construção do elevado foi iniciada em 2011, dentro do pacote de obras de mobilidade para a Copa do Mundo na metrópole. A segunda alça do viaduto foi implodida dois meses depois da queda da primeira. Ainda não foi anunciado se um novo projeto será feito no local.
Onze pessoas foram indiciadas após o ocorrido. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), elas seriam responsáveis pelo desabamento do Batalha dos Guararapes e por colocar em risco quem passava pelo local.