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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários de Governador Valadares (Sinttro-GV), Jorge Ferreira Lopes, foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por integrar o grupo suspeito de desviar recursos que deveriam ser aplicados em medidas emergenciais após chuvas fortes ocorridas na cidade, em 2013.
Ele foi flagrado recebendo propina e está preso desde o último dia 21. Além do sindicalista, o órgão também ofereceu denúncia contra o advogado da entidade, o sócio proprietário da Empresa Valadarense de Transportes Coletivos Ltda. e a administradora da empresa. Todos são investigados na quinta fase da operação "Mar de Lama".
De acordo com o MP, os quatro são acusados de terem articulado, em maio e junho de 2010, diversas ações para receberem recursos ilícitos. Para oferecer as denúncias, os promotores Evandro Ventura da Silva e Ingrid Veloso Soares do Val, analisaram vídeos em que mostram a ação dos suspeitos.
Um deles registra um encontro entre o presidente do sindicato e o proprietário da empresa na véspera de uma audiência trabalhista. Na ocasião, conforme o MP, houve a negociação de pagamento de R$ 500 mil ao representante dos funcionários para que fossem finalizados 18 processos da entidade contra a empresa.
Em outra gravação, é apresentada a proposta de pagamento de R$ 1,5 milhão ao presidente do Sinttro-GV, sendo que cerca de R$ 700 mil destinava-se ao acordo trabalhista entre o sindicato e a Empresa Valadarense e a pagamento de honorários advocatícios, e o restante, cerca de R$ 800 mil, corresponderia a vantagem indevida.
De acordo com a denúncia, o proprietário da Empresa Valadarense e a filha dele, administradora da firma, faziam os pagamentos de propinas e vantagens indevidas ao presidente do Sinttro-GV para que ele ludibriasse os sindicalizados e obtivesse vantagem ilícita nos acordos, enquanto o advogado do sindicato cumpria “a parte fundamental da empreitada criminosa no sentido de resolver a documentação pendente e solucionar as demandas judiciais, sendo ele coautor nos crimes perpetrados”.
Operação
A investigação "Mar de Lama" começou em 2013 e, desde então, dezenas de servidores foram afastados das funções, sendo que 13 deles são vereadores. Segundo a PF, um grupo foi instalado no Executivo do município e no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade, composto por agentes públicos do alto escalão da administração pública municipal e financiado por empresários contratantes com o serviço público.
O nome da operação se refere aos alagamentos causados pelas chuvas torrenciais que atingiram a cidade de Governador Valadares e causaram grande destruição ao município, no terceiro trimestre de 2013. Os desvios teriam ocorrido, então, nas obras para recuperar a cidade dos impactos das chuvas.
As investigações começaram em 2013 quando o Ministério da Integração Nacional repassou R$ 4,5 milhões à cidade para ajudar a recuperar vias e canais destruídos pela chuva.
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