Márcio de Lacerda: Secretário diz que estado quer ouvir a iniciativa privada e atrair novos investimentos para o Norte de Minas

Jornal O Norte
05/10/2007 às 11:58.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:19

Montes Claros vai sediar o Seminário “Oportunidades de Investimento Privado no Norte de Minas.” Durante dois dias, 08 e 09, lideranças políticas e empresariais estarão debatendo o potencial da região para atrair novos investimentos. O encontro é uma iniciativa do Governo de Minas, articulado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico – SEDE – e terá a participação de diversos secretários de Estado. Em entrevista exclusiva para O NORTE, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Márcio de Lacerda, adianta que a escolha de Montes Claros para receber o Seminário deve-se ao fato de o município já ser reconhecido como um pólo de desenvolvimento e estar entre os dez maiores PIB do Estado. O encontro visa ouvir as expectativas dos líderes da região. “Nosso objetivo é discutir amplamente com a comunidade as suas potencialidades, a fim de melhor focar nossa atuação em favor do Norte de Minas”, diz Marcio de Lacerda.



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1 - O que levou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais a promover o seminário em Montes Claros ?

R - O objetivo é identificar, a partir da discussão com as lideranças políticas e empresariais da região, os principais desafios e oportunidades para a atração de investimentos. Identificar estes pontos servirá para formatarmos um plano de trabalho. A escolha de Montes Claros para sediar o evento decorre do reconhecimento de sua importância como pólo econômico regional, com ampla rede de indústrias e serviços, situando-se o município entre os dez de maior PIB no Estado e entre os 20 maiores exportadores de Minas.


 


2 - Qual a expectativa do Governo em relação ao Norte de Minas?

R – Enxergamos grande potencial na região. Mas para que o desenvolvimento aconteça queremos capacitar o Norte para receber novos investimentos, gerar empregos e promover o crescimento sustentável. Dentro desta estratégia, o Governo de Minas tem investido em programas de infra-estrutura como o ProAcesso (rodovias), o Minas Comunica (telefonia celular e vários no setor elétrico. Através do Cresce Minas, por exemplo, serão investidos R$ 73 milhões na ampliação da rede. O Luz para Todos já beneficiou 89 municípios com 43,5 mil ligações e o Minas PCH selecionou 18 pontos em potencial para a instalação de centrais hidrelétricas na Bacia do São Francisco. No que tange ao saneamento básico, R$ 300 milhões foram destinados para implantação e ampliação dos sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário.


 


3 - Como o Governo de Minas vem atuando em favor da região?

R – O Estado adotou uma política de parceria com a iniciativa privada para a indução ao desenvolvimento das cadeias produtivas. O governo aumentou os investimentos nas regiões mais carentes, cumprindo seu papel de dotá-las de melhor infra-estrutura e torná-las mais atrativas para a implantação de empresas. O governador Aécio Neves criou, no início do primeiro mandato, a Secretaria de Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e Norte de Minas, que tem sido um importante agente na redução das desigualdades regionais e na criação e execução de políticas públicas específicas. Não podemos esquecer de citar o Projeto Jaíba, que é um dos mais promissores pólos de agricultura irrigada, e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que oferece cursos técnicos, de graduação, pós-graduação e à distância de altíssima qualidade.


 


4 – Quais ações já foram desenvolvidas na região Norte?

R – Está em execução o ProAcesso, maior programa de pavimentação de estradas do país, que vai garantir acesso por estradas asfaltadas às 225 pequenas cidades que não possuem ligações pavimentadas. A meta é pavimentar 5,6 mil km de estradas, beneficiando diretamente quase dois milhões de pessoas, o que corresponde a 12% da população de Minas. A maioria deste contingente mora em municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) inferior à média mineira. No Norte de Minas, o ProAcesso está investindo R$ 123,5 milhões. Já foram concluídos 226,9 km , outros 142 km estão em obras. Estão em curso licitações para dois trechos, totalizando 85,4 km , outros 170,9 km já têm autorização para licitação. Um exemplo é o caso de São Romão, que inaugurou os 34,6 km da MG-202, ligando a cidade a Ubaí.


 


5 – O que senhor poderia nos dizer a respeito do Minas Comunica?

R – O Governo do Estado decidiu investir em telefonia móvel como fator de infra-estrutura e redução das desigualdades regionais. Não por acaso 206 cidades (91%) incluídas no ProAcesso não têm telefonia celular e serão beneficiadas também pelo Minas Comunica. Através do programa, até o final de 2008, todas as sedes dos 92 municípios da região Norte estarão ligadas por celulares. O programa cobrirá 412 municípios que ainda não dispõem do serviço.


 


6 - Quais são os projetos de produção de biodiesel na região?

R – Dois projetos têm previsão de estar em pleno funcionamento já no próximo ano. Ou seja, os projetos prevêem que pelo menos 30% dos insumos (soja, girassol, mamona, sebo bovino, algodão, gergelim) devem ser oriundos da agricultura familiar. O Governo de Minas, através da Emater, está viabilizando um convênio com a Petrobras para organizar os pequenos produtores para fornecerem o óleo vegetal à Usina de Biodiesel de Montes Claros. Só com a assistência técnica aos pequenos produtores serão investidos entre R$ 12 milhões e R$ 14 milhões. Juntos, os investimentos na unidade da Petrobras, a ser inaugurada no próximo ano, e na Usina São Judas Tadeu, do Grupo Sada Bio Energia, já em operação, somam quase R$ 200 milhões e vão produzir, em plena capacidade, 147 milhões de litros de etanol e biodiesel.


 


7 – O que o Governo de Minas está fazendo para aproveitar a reserva de gás natural na região?

R – O Governo de Minas trabalhou junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP) e ao Ministério das Minas e Energia para a inclusão da Bacia do São Francisco na 7ª Rodada de Licitação para pesquisa e prospecção de gás, realizada em 2005. Agora está trabalhando para inclusão de outros blocos na 10ª Rodada da ANP. Em Minas, foi licitada a Bacia do São Francisco, com 128 mil quilômetros divididos em 43 blocos. Diversas empresas, entre elas a Petrobras e British Gas, já estão com investimentos programados para levantamento das reservas da área. Os estudos estão avançados havendo a possibilidade de produção em breve. A expectativa é que empresas de vários setores que necessitam de energia abundante e limpa se interessem pelo insumo. Em alguns casos podem vir a se instalar no Norte de Minas, gerando emprego e renda.


 


8 – O Norte de Minas tem força no setor da pecuária de leite e corte. Como avalia a possibilidade de crescimento deste segmento?


R - É preciso sempre pensar em agregar valor aos produtos. Sabemos que é difícil para o produtor rural fazer planejamento de longo prazo em função da imprevisibilidade do clima, mas também sabemos que é possível minimizar efeitos como esses para oferecer um produto de qualidade e de boa aceitação nos mercados interno e externo. Os programas Minas Carne e Minas Leite, ambos no âmbito da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atuam na redução dos obstáculos, ajudando o produtor a seguir padrões de excelência sanitária, melhorar a produtividade do rebanho, agregar valor e comercializar com outros países. Para os produtores de menor porte, há a possibilidade de formar cooperativas, o que vamos discutir no encontro. 


 


9 – Como vem se comportando a balança comercial da região?


R - A exemplo do que está ocorrendo nas outras regiões mineiras, o Norte de Minas está aumentando seu comércio com outros países. De 2005 para 2006, houve acréscimo de 20,5% nas vendas, o quarto melhor resultado entre as dez regiões de Minas. No entanto, a participação da região no total exportado pelo Estado ainda é baixa. Os US$ 360,8 milhões comercializados em 2006 representam apenas 2,4% de tudo o que as empresas mineiras enviaram ao exterior. Sabemos que o potencial para alavancar esses números é grande já que a região possuiu um dos critérios básicos para o sucesso no comércio externo: a variação da pauta. No ano passado, foram vendidos desde produtos do agronegócio, como algodão, cachaça e carnes, até itens de maior valor agregado, como medicamentos e autopeças. Outro fator positivo para as empresas da região é que elas estão presentes em mercados competitivos como EUA e Europa. Quem tem penetração ali, pode partir para mercados menos explorados. Nos seis primeiros meses deste ano, foram exportados US$ 293,4 milhões, o que aponta que o fechamento de 2007 será melhor do que o do ano passado. Para orientar os pequenos e médios empreendedores a fim de que possam alcançar o mercado externo, foi criada a Central de Atendimento ao Exportador, que dispõe de um site (www.exportaminas.mg.gov.br) e um telefone (0800.770.7087) para ser acessada.

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