MDB vai decidir no voto se apoia Pimentel

Amália Goulart
amaliagoulart@hojeemdia.com.br
26/03/2018 às 20:29.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:02
 ( Clarissa Barcante/ALMG)

( Clarissa Barcante/ALMG)

Um grupo de deputados do MDB planeja lançar candidatura própria ao governo de Minas Gerais, provocando novo racha na legenda, já que outra ala defende a manutenção da aliança com o governador Fernando Pimentel (PT), que pode tentar a reeleição. Ontem, em reunião com o senador Roberto Requião, parlamentares revelaram a proposta, que será votada em convenção. 

O MDB é o partido com maior número de prefeitos em Minas: conta com 167 chefes de Executivo e outros 118 vices, o que faz da legenda, mais uma vez, uma das mais disputadas nas eleições deste ano, pela capilaridade no interior. 

Ao comemorar os 52 anos de fundação do partido, caciques lançaram a pré-candidatura do presidente da Assembleia, Adalclever Lopes. Mas não existe consenso. Por isso, a escolha do caminho a seguir será feita no voto. A convenção está marcada para 1º de maio, mas, conforme emedebistas, será adiada para junho justamente em virtude da divisão interna. Na ocasião, delegados do partido votarão.

“O que nos une é a narrativa de candidatura própria”, afirmou o líder da maioria Tadeu Martins Leite. “Vamos construir a candidatura”, completou Adalclever. 
Presidente da Associação Mineira de Municípios, o prefeito de Moema, Julvan Lacerda, também é defensor de um nome emedebista nas urnas. Porém, acredita que, no prazo final para a definição, os colegas de partido vão declinar da possibilidade para manter o apoio a Pimentel. 

Do outro lado, o deputado federal Fábio Ramalho, vice-presidente da Câmara e um dos interlocutores do governador junto ao MDB, espera a reedição do caminho conjunto com o petista. 

“O MDB está caminhando para uma aliança com o PT”, afirmou. “É legítimo que o MDB, no momento certo, eventualmente também, faça uma aliança com outros partidos, como fez na última eleição”, contemporizou o empresário Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José Alencar. 
Ele também é uma das apostas do partido para as eleições. É tido como pré-candidato ao Senado. 

“Estaremos trabalhando, na campanha, por Minas e pelo Brasil. Isso não significa que eu esteja pleiteando ou que venha a ser candidato a qualquer cargo. Agora, sou militante da política nacional. Acho importante que valorizemos a política”, desconversou Josué Alencar. 
Petistas
Petistas acompanharam as conversas de emedebistas durante a comemoração aos 52 anos do partido. 

Para grande parte da legenda, o MDB decidirá mesmo é pelo apoio a Pimentel. 

“Vejo com naturalidade (a possibilidade de candidatura do MDB). Vamos conversar com o MDB”, afirmou o secretário de Governo, Odair Cunha. Ele disse que não procedem notícias de bastidores de que Pimentel se desincompatibilizaria na próxima semana para tentar uma vaga ao Senado. 

“Essa hipótese inexiste. De forma nenhuma ele vai abrir mão do governo”, afirmou. Conforme o secretário, o governador está debruçado sobre soluções para a crise financeira por que passa o Estado. “A reeleição será tratada no momento adequado”, ponderou. 

 Newtão negocia acordo com PT e quer apoio de ex-presidente

Newton Cardoso, um dos caciques mais influentes do MDB mineiro, disse que pedirá, hoje, ao governador Fernando Pimentel (PT), que apoie a pré-candidatura de Adalclever Lopes ao governo de Minas.

Newton também quer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dê vazão à ideia. E mais, acredita que o petista poderia conseguir mais votos em uma campanha preso do que solto. “Pode ser preso, mas dentro da cadeia ele tem muito voto. Preso, ele tem mais voto que solto”, cutucou. 
“Respeito profundamente o PT, mas já ajudamos duas vezes o PT. Agora é hora do Lula ajudar Adalclever”, afirmou. Newton disse que tem um almoço marcado hoje com Pimentel, ocasião em que discutirá os rumos do MDB. 

A biografia política do ex-governador foi lançada ontem. Assinado pelos jornalistas Guilherme Ítalo e Pedro Blank, o livro promete, conforme Newton, revelar os bastidores “dos gabinetes”. “Relata muitas verdades que o povo não sabe. Quis, com minha coragem política, mostrar o que aconteceu nos gabinetes”, afirmou.
Newtão, como é conhecido no meio político, revela também que “conta a verdade sobre Lula”.

O ex-governador ficou famoso pelas declarações polêmicas durante a trajetória política. Ontem, ao participar de evento em comemoração aos 52 anos do MDB e do lançamento do livro, disse que o partido ao qual pertence é podre. 

“O MDB nacional está podre, podre, podre. Prefiro votar no Bolsonaro que no Temer”, afirmou, mencionando a possibilidade do presidente Michel Temer disputar a reeleição contra o deputado Jair Bolsonaro. Para o ex-governador, a “parte boa do MDB está em Minas”. 

Não faltaram críticas também à oposição e aos governos do PSDB no Estado. Newtão disse ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) pode “cair”, a depender do que decidirá no julgamento de recurso do ex-presidente Lula. 

“Se o Supremo fraquejar, o Supremo até cai. Sou amigo do Lula, mas o Supremo tem que ter coragem”, concluiu.
 

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