Pandemia

Média móvel de casos de Covid no Brasil é a maior desde março; foram 30.487 registros diários

Agência Brasil
02/06/2022 às 19:12.
Atualizado em 02/06/2022 às 19:20

A média móvel de casos de Covid-19 chegou a 30.487 notificações diárias, maior número desde 26 de março, segundo dados do painel "Monitora Covid-19", da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgados nessa quarta-feira (1º). Apenas uma semana antes, em 25 de maio, a média era de 14.970, menos da metade do registrado atualmente.

O frio que tomou conta de grande parte do país em maio, associado ao relaxamento de medidas de prevenção, como o uso de máscaras, são algumas das causas do aumento dos casos, segundo Leonardo Bastos, pesquisador da Fiocruz e integrante da equipe responsável pelo Boletim InfoGripe, que monitora os casos de síndrome respiratório aguda grave (SRAG) no país.

O boletim atual indica que 20 das 27 unidades da federação apresentam tendência de alta de síndromes respiratórias nas últimas seis semanas.

Bastos explica que, no frio, a tendência é que as pessoas permaneçam em lugares fechados, com menor circulação de ar. Isso facilita a infecção por vírus respiratórios em geral e, em especial, pelo SARS-CoV-2 (Covid), que é altamente transmissível.

Ainda segundo o pesquisador, observa-se no Brasil o crescimento de casos de SRAG em todas as faixas etárias, mas principalmente em idosos, o que também costuma estar associado à Covid-19 e pode indicar a circulação de novas variantes ou sublinhagens do vírus.

"Eu não estou dizendo que essa alta é por conta de uma nova variante, mas pode ser uma sublinhagem da Ômicron. A gente não tem essa informação, mas o que o dado está dizendo é parecido com a chegada de outras variantes", explica o pesquisador.

No final de maio, foi divulgada pela Fiocruz a presença no país das sublinhagens BA.2.12.1, BA.4 e BA.5, da Ômicron, classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como cepas sob monitoramento da variante de preocupação. No entanto, Bastos esclarece que só será possível confirmar se a elevação de registro da doença está associada às novas linhagens após o sequenciamento genético dos testes PCR-RT. "O que a gente pode dizer é que esse aumento é consistente, ele é parecido com o aumento que aconteceu com a chegada de novas variantes".

A maior circulação do vírus não tem sido acompanhada, no entanto, por uma alta expressiva no número óbitos. Tal fato é atribuído pelo pesquisador à vacinação, e por isso ele reforça que "para evitar um agravamento da doença é muito importante estar com o esquema vacinal completo". Mesmo assim, ele prevê que algum aumento nos óbitos é esperado nos próximos dias. "A gente vai ver um aumento mas não vai ser na mesma velocidade dos casos".

Diante desse cenário, Bastos defende que é hora de reavaliar a flexibilização do uso de máscaras por parte dos estados e municípios, para conter a circulação do vírus. "Tem que rever e voltar a obrigar (o uso de máscara) em algumas condições. Como no transporte público, em ambientes fechados que a circulação de ar é ruim. Nesses casos, eu acho que é muito importante ter essa obrigação".

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