(Arquivo Pessoal)
Médica residente na Madernidade Odete Valadares, na capital, Natália Oliveira Marques, de 30 anos, soube nesta semana que já tomou as duas doses da CoronaVac, contra a Covid-19, em setembro de 2020. Isso, porque ela é um dos profissionais de saúde que se voluntariaram para a fase de pesquisa da vacina no país.
Só nesta semana, no entanto, Natália foi informada de que havia sido contemplada com o medicamento. Até então, ela não tinha certeza entre ter recebido duas injeções de CoronaVac ou de placebo.
Sigilo quebrado
“Quando a gente vai dar início à participação na pesquisa, eles pedem para assinarmos um termo de consentimento que fala que a pesquisa é duplo-cego – o voluntário pode receber a medicação ou placebo. Nem quem está recebendo nem os pesquisadores sabem o que é aplicado em cada voluntário. Há um registro que, no final da pesquisa, quando é comprovada a eficácia, tem o sigilo quebrado”, explica a médica.
Natalia Marques conta que, na semana anterior, quando começou a chegar a vacinação ao Brasil – assim que a Anvisa autorizou a administração emergencial tanto da CoronaVac quanto da vacina de Oxford –, o Instituto Butantan, responsável pela vacina da chinesa Sinovac Biotech no país, chamou todos os participantes da pesquisa, para que autorizassem a quebra do sigilo do caráter duplo-cego dos estudos.
Cuidados continuam
“Foi uma surpresa boa, eu não imaginava. Fiquei mais tranquila, com um pouco mais de esperança, mas continuo usando máscara, fazendo distanciamento social e respeitando todas as outras medidas recomendadas para evitar a Covid-19”, diz a profissional, que recebe gestantes com Covid na Maternidade Odete Valadares, encaminhadas em seguida a hospitais de referência no tratamento da doença.
A médica esclarece que ficou decidido, na Fhemig – rede à qual a Odete Valadares está ligada –, que o Hospital Júlia Kubitscheck seria referência para o encaminhamento de gestantes com Covid-19, pela proximidade da instituição com o Hospital Eduardo de Menezes, maior centro de enfrentamento da doença em Minas.
“As pessoas devem acreditar na ciência, no trabalho de nossos colegas, que têm feito muito esforço. Vai chegar a hora de todo mundo se vacinar. Mas, a pesquisa sobre a vacina continua, dura um ano. Outras informações continuam sendo avaliadas, como o tempo de eficácia das doses. Tendo se vacinado ou não, as pessoas precisam manter o uso de máscara, o distanciamento social”, recomenda a médica.
Testes no Estado
A aplicação das doses – de vacina ou de placebo – nos cerca de 1.050 voluntários da terceira etapa dos testes da CoronaVac em Minas ficou a cargo da UFMG. De acordo com a instituição, a grande maioria deles é composta por profissionais da saúde que atuam no combate à Covid-19, com idades entre 18 e 59 anos, sem comorbidades. A universidade informa que não participou dos testes propriamente ditos.