Médico que não passar em exame de português voltará ao país de origem

Daniel Carvalho, Enviado Especial - Folhapress
26/08/2013 às 17:02.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:20

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO (PE) - Os médicos estrangeiros trazidos ao Brasil pelo governo federal para integrar o programa Mais Médicos podem ser devolvidos aos seus países de origem caso não passem na prova de língua portuguesa a que serão submetidos em três semanas, após o curso iniciado nesta segunda-feira (26).

As aulas vão das 8 às 18 horas, de segunda a sexta-feira. Duas horas diárias são dedicadas à língua portuguesa. Segundo Rodrigo Cariri, coordenador do curso, no último dia de aula os médicos terão de fazer prova oral e escrita.

O exame é nacional e será aplicado nas oito cidades em que há aulas. "Vai ter uma avaliação da capacidade de comunicação em língua portuguesa, e pode ter gente que volte [por não passar no exame]", afirmou Cariri. De acordo com ele, os profissionais tinham, no momento da inscrição no programa, que responder se falavam português.

De acordo com o coordenador, os médicos também serão avaliados em atividades durante o curso. O Ministério da Saúde confirmou que, se o desempenho dos médicos ao final do curso não for satisfatório, eles podem ser desligados do programa.

Curso

Os 115 médicos estrangeiros que vieram para o Recife participarão de um curso de 120 horas. O conteúdo é o mesmo em todas as regiões do Brasil. Na primeira semana, o foco é a realidade brasileira, aspectos sociológicos, demográficos e políticos e o impacto que têm na situação atual do país.

Na manhã desta segunda-feira, eles assistiram ao documentário "O Povo Brasileiro", baseado na obra de Darcy Ribeiro. "É preciso explicar como se consegue ter [no Brasil] Corola e Hilux e não consegue botar médico [em todas as cidades]", disse Cariri.

A segunda semana será dedicada a especificidades da saúde brasileira e protocolos de atendimento, como quais exames devem ser solicitados ao paciente na primeira consulta.

A última semana será dedicada a temas ligados a ética e legislação médica brasileira.

Alerta

A carteira profissional do médico formado no exterior e participante do programa Mais Médicos trará uma mensagem alertando que o profissional só pode atuar nos limites do programa.

O governo já havia afirmado que o médico que atua no programa e não tem o diploma revalidado não poderia ter um consultório privado paralelo nem dar plantões fora do programa. O alerta, porém, foi incluído nas regras por um decreto presidencial publicado no "Diário Oficial" da União desta segunda-feira. "A carteira profissional do médico intercambista deverá conter mensagem expressa quanto à vedação ao exercício da medicina fora das atividades do projeto Mais Médicos para o Brasil", diz o novo trecho.

Outros detalhes do programa foram ajustados pelo decreto. Por exemplo, o que define que supervisores e tutores do programa podem ser representados, seja na Justiça ou não, pela AGU (Advocacia-Geral da União).


Recentemente, o CFM (Conselho Federal de Medicina) avisou que os supervisores do programa e os gestores públicos envolvidos poderiam ser co-responsabilizados por erros e atitudes indevidas praticados pelos médicos intercambistas.

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