Medo afasta visitas na P-2 em Presidente Venceslau

Chico Siqueira
01/03/2014 às 18:18.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:22

O movimento de familiares de presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau caiu pela metade neste sábado. A queda foi causada em parte pelo medo de uma rebelião no presídio e pelo intenso aparato policial demonstrado durante as visitas no final de semana anterior. "Conheço duas amigas que viriam, mas ficam com medo, porque tem muita polícia por aqui e elas temiam que pudesse ocorrer algum distúrbio", disse uma moça que se identificou por Luana e estaria visitando o namorado.

"Talvez por conta da intensa movimentação de viaturas e homens do lado de fora no domingo, as visitas foram bem menores hoje", disse um dos agentes. Segundo ele, o movimento de visitantes neste sábado caiu pela metade. "Também pode ser que elas ficaram com medo de uma possível rebelião", completou o agente.

Mesmo com a redução do número de visitantes, os agentes apertaram as revistas e até atrasaram a entrada de algumas pessoas. Três mulheres foram barradas pelo detector de metal, mas a Polícia Militar informou que nada foi encontrado com elas. Uma delas disse que ia recorrer a um advogado na tentativa de conseguir visitar o marido.

"Tranquilidade"

Apesar do clima, familiares de presos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau deixaram a unidade na tarde deste sábado, 1, afirmando que a situação dentro do presídio é de "tranqüilidade". Os depoimentos das mulheres dos presos pareciam ter sido ensaiados, de tão semelhantes entre si, contrastando com o temor demonstrado por elas pela manhã. Antes de entrarem na unidade elas diziam temer que o presídio pudesse se transformar em um novo Carandiru com uma possível rebelião causada pela transferência de líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A P-2 é usada exclusivamente para abrigar integrantes do PCC, entre eles o comandante da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que pretendia fugir do presídio com outros três líderes da facção: Cláudio Barbará da Silva, Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, e Luiz Eduardo Marcondes Machado, o Du Bela Vista. Para isso, usariam dois helicópteros, um avião Cessna 510 e armamento pesado. Para evitar a fuga, equipes de elite com armamento de guerra, foram enviadas a Venceslau, onde continuavam a postos neste sábado. E para punir os detentos, o Governo do Estado pediu a remoção dos quatro líderes do PCC para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), de Presidente Bernardes.

"Está tudo em paz, o pessoal nem sabia o que estava se passando aqui fora", disseram algumas visitantes. "Essas notícias de perigo de rebelião e de plano de fuga com helicóptero é coisa da mídia", disse uma outra mulher. Apesar disso, o esquema de segurança do lado de fora do presídio, reforçado desde domingo passado, quando as forças de segurança se postaram para evitar que o plano de fuga fosse colocado em prática, continuava.

Expectativa

O dia de visitas deste domingo é de expectativa para a maioria dos detentos do PCC. Uma visitante deste sábado deixou escapar que o marido e a maioria dos detentos estão à espera de uma manifestação da cúpula da facção sobre o pedido de transferência de Marcola e outros líderes.

O domingo será dia de visita dos familiares dos presos que cumprem pena em raios de número ímpares, onde estão as principais lideranças do PCC, entre elas, o próprio Marcola e os que participariam da fuga. "A expectativa é de que se eles (líderes do PCC) forem decidir alguma ação, vão decidir após conversar com seus parentes e só depois vão comunicar os outros colegas", disse ela.
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