Medo da reforma da Previdência intensifica procura por planos privados de aposentadoria

Felipe Boutros
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06/10/2017 às 20:49.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:07
 (Pedro Gontijo)

(Pedro Gontijo)

 A preocupação com a reforma previdenciária proposta pelo governo federal tem levado cada vez mais brasileiros a buscarem planos de previdência privada, a fim de garantir uma aposentadoria mais tranquila.

Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), o setor fechou o mês de junho com mais de13,2 milhões de pessoas com esse tipo de investimento contratado, sendo 10milhões de planos individuais (incluindo menores de idade) e 3,2 milhões de planos coletivos.

O total de indivíduos com planos, ao final do primeiro semestre deste ano, é 5,6% superior ao identificado no mesmo período de 2016, quando foram computadas 12,5 milhões de pessoas – 9,5 milhões em planos individuais e 3 milhões em planos coletivos.

A FenaPrevi não tem números regionais, mas instituições como a BrasilPrevi, ligada ao Banco do Brasil, afirmam que o aumento em Minas Gerais acompanhou a média nacional – foi de 5%, na mesma base de comparação.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) informa que, no Estado, o volume de prêmios no primeiro semestre deste ano foi R$ 273 milhões superior em relação ao mesmo período de 2016, totalizando R$ 4,6 bilhões.

Em Belo Horizonte, a seguradora Mongeral Aegon informa que a sua carteira de clientes de planos de previdência privada aumentou 82% entre janeiro e agosto de 2017, ante o mesmo período do ano passado.

“As pessoas estão preocupadas com a reforma, então elas passam a procurar as opções que são oferecidas no mercado. Elas estão mais receptivas a esses produtos”, explica o superintendente da seguradora na capital, Ronaldo Gama.

O advogado Leonardo Freitas é um dos que está preocupado com o futuro da Previdência Social. Ele e a mulher já optaram pelo investimento e também já o fizeram para os filhos, uma menina de 6 anos e um menino de 1. “Eu e minha esposa sempre pensávamos em nos precaver. Mas agora, com a Reforma Previdenciária a caminho, fica ainda mais clara a necessidade de contribuição para uma previdência privada, pois não podemos ficar exclusivamente na dependência da pública, que tem um futuro tão incerto, tão temido por todos os trabalhadores”, diz.

O aumento da expectativa de vida do brasileiro também é apontada como fator para o aumento na demanda por esse tipo de investimento. “A previdência privada é para longo prazo, para resgatar lá na frente. É importante que você tenha um produto que te ajude a complementar a sua renda, já que a aposentadoria do governo não cumpre esse papel. Há muitas situações nas quais o aposentado da Previdência Social depende de familiares para sobreviver”, afirma a superintendente de gestão de clientes da BrasilPrevi, Soraia Fidalgo.

 Valor do aporte deve variar de acordo com momento da vida

Especialistas afirmam que nunca é tarde para começar esse tipo de investimento. No entanto, quanto antes a adesão for feita, melhor. A conta básica da previdência privada é que a cada 10 anos o aporte feito dobra de valor e, consequentemente, o rendimento também.

“Se pegarmos uma reserva que chegou a R$ 100 mil em 10 anos, depois de 40 anos ela deve ser de R$ 800 mil”, explica o superintendente da Mongeral Aegon, Ronaldo Gama.

Como existem diversos tipos de planos no mercado, é preciso que o interessado analise com muita calma qual irá atender o seu objetivo. Além de optar, por exemplo, entre PGBL ou VGBL, o consumidor deve ponderar se quer um fundo com maior rentabilidade, porém com mais risco, ou um mais conservador.

Para investimentos de curto ou médio prazo, os recomendados são os atrelados a aplicações de renda fixa, pelo risco menor que oferecem. Quem vai pagar por 20 ou 25 anos, pode fazer algo mais agressivo, com remuneração variável.

“Quem tem mais tempo pode optar por fundos de maior rentabilidade, porém mais risco, pois há mais tempo para recuperar eventuais perdas”, diz o superintendente de produtos da BrasilPrevi, Sandro Bonfim.

Os especialistas afirmam que o valor do aporte no plano deve variar de acordo com o momento da vida do investidor. Quem tem poucos compromissos financeiros e não precisa arcar com despesas como prestação de imóvel ou aluguel e mensalidade escolar, por exemplo, deve direcionar a maior quantidade de recursos possível. À medida que a renda aumenta é importante que o valor destinado ao plano seja acrescido proporcionalmente.

Opções

Existem duas principais modalidades: o Plano Geral de Benefícios Livres (PGBL) e o Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL). Ambas prevêem atualização dos valores de contribuição pela inflação. Para escolher entre as duas opções, a pessoa deve levar em consideração o modelo de declaração de imposto de renda (veja infográfico).
Números da FenaPrevi indicam que o VGBL é o mais representativo do setor, com 91% do total dos aportes no primeiro semestre.

De acordo com levantamento da BrasilPrevi, o investidor mineiro faz um aporte periódico de R$ 417. As mulheres representam 49% dos clientes, enquanto 62,7% são pessoas de até 50 anos. Os indivíduos entre zero e 21 anos representam 30% dos beneficiários no Estado
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