A Fundação Memorial da América Latina vai contratar o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para avaliar a estrutura do Auditório Simón Bolívar, atingido por um incêndio na tarde de sexta-feira, 29. Ambos os órgãos são do governo do Estado de São Paulo. O IPT fará nesta terça-feira, 3, a primeira visita técnica para avaliar o edifício.
A escolha do IPT foi definida após determinação da Defesa Civil Municipal para que o Memorial fizesse um estudo sobre a segurança do prédio. Após o incêndio, parte da estrutura metálica que sustenta o concreto do teto ficou exposta, de acordo com informações do coronel Jair Paca de Lima, coordenador do órgão da capital.
O IPT informou que a vistoria de hoje será apenas preliminar, para verificar a abrangência dos danos e mostrar aos técnicos quais equipamentos serão levados ao Memorial para a análise definitiva.
O laudo vai dizer se a estrutura terá de ser demolida ou qual é o tipo de restauração adequado ao edifício. O laudo será apresentado à Subprefeitura da Lapa, zona oeste de São Paulo, que entregou no sábado passado o auto de interdição do auditório à Fundação Memorial.
Ainda não há um cronograma para as eventuais obras. No entanto, após a conclusão das intervenções, a Defesa Civil deverá fazer uma vistoria e só então o auditório poderá ser aberto novamente ao público.
Um inquérito policial sobre o caso foi aberto no 23.º Distrito Policial (Perdizes). O laudo da Polícia Científica que vai apontar as causas do acidente deve ficar pronto em 30 dias - o prazo pode ser renovado por igual período. A principal hipótese é de que tenha havido um curto-circuito que provocou as primeiras fagulhas.
Arte
As duas obras de arte mais importantes do auditório que resistiram ao fogo - o painel Agora, do mato-grossense Victor Arruda, e a escultura Pomba, do mineiro Alfredo Ceschiatti, foram vistoriadas ontem, 2, por um restaurador contratado pelo Memorial.
Na primeira análise, foram feitas apenas fotos das peças. A dúvida é se as obras poderão ser restauradas no próprio auditório ou se terão de ser removidas. As demais obras que ficavam no auditório - a maioria apenas de valor decorativo - foram retiradas domingo, 1º, por técnicos do Memorial. A exceção é a tapeçaria de Tomie Ohtake que decorava as laterais do prédio - a peça realmente foi destruída, como a fundação suspeitava.
Alvará
O impasse sobre a situação legal do Memorial continua. No fim de semana, a Prefeitura de São Paulo informou que o auditório e o restante do complexo projetado por Oscar Niemeyer não tinha alvará de funcionamento desde 1993.
No mesmo dia, além de mostrar o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros atestando a segurança do auditório, o presidente da Fundação Memorial, João Batista de Andrade, disse que a falta do alvará ocorria porque a Prefeitura ainda não havia emitido o documento - chegou a mostrar um ofício assinado pela diretoria do antigo Contru (atualmente a Secretaria Municipal de Licenciamentos) que garantia a segurança do local.
Ontem, a Prefeitura reiterou que faltam documentos para a obtenção do alvará de funcionamento - sem especificar quais não foram apresentados. A ausência dos documentos não impediria o funcionamento do Memorial, porque o processo já existe e as condições de segurança estão comprovadas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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