Não foi um ano tão ruim para o Brasil este que se encerrou, quando visto pela ótica do comércio exterior. Os números divulgados nesta quarta-feira (2) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que nossas exportações superaram as importações em US$ 19,43 bilhões. Os pessimistas apontam que esse superávit não é algo que se possa comemorar, pois é o menor em dez anos e quase 35% abaixo do conseguido em 2011. Os otimistas acreditam que o país até que se saiu bem numa situação de grave e persistente crise financeira internacional. Mas não há perspectivas de um superávit maior neste ano. Não está fácil vender produtos brasileiros num mercado global contido e extremamente competitivo. Numa situação assim, ficaram mais evidentes as nossas deficiências, como estradas e portos ruins, aeroportos mal administrados, altas taxas de juros e de impostos, energia elétrica das mais caras do mundo. O governo tentou amenizar algumas dessas barreiras e até conseguiu certo êxito, daí a permanência do superávit nas transações comerciais com outros países. Ajudado, é também certo, pelo crescimento de apenas 1% do Produto Interno Bruto. Com menor expansão da atividade econômica do que em 2011, as importações brasileiras encolheram 1,4% e o valor das exportações teve queda de 5,3%, embora a quantidade de bens e serviços exportados tenha crescido 0,1%. As vendas para o exterior somaram durante o ano US$ 242,58 bilhões e as compras ficaram em US$ 223,14 bilhões. Minas Gerais, maior produtor de café do país, sofreu com a queda do preço no mercado internacional, de 14,8%. A situação foi ainda pior em relação a outro produto de grande peso para a economia mineira, o minério de ferro. Seu preço caiu 24,9% em 2012. É possível também que os números divulgados oficialmente não registrem com fidelidade o comportamento do comércio brasileiro. Como em julho passado a Receita Federal concedeu mais prazo à Petrobras para registrar no Sistema de Comércio Exterior (Siscomex) as importações de gasolina e outros combustíveis, nem tudo que foi importado durante o ano consta dessa estatística do governo. O que tiver sido comprado depois de 10 de novembro pode ser registrado no começo deste ano. Isso distorce a comparação com 2011 e, na realidade, o superávit seria menor que o anunciado. Ponto para os pessimistas. Entre eles, o Banco Central, que previu para este ano superávit de US$ 17 bilhões, uma queda de 12,5%.