Mensagem que vem das ruas repudia equívocos políticos

Hoje em Dia
19/06/2013 às 06:31.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:14

É preciso reconhecer: nos últimos anos, o governo, em seus vários níveis, tem feito opções erradas de investimentos. Não fosse isso, e talvez os governantes não estivessem agora diante de tantas manifestações públicas de insatisfação. Foram muitos os equívocos, mas nenhum parece tão grande quanto os gastos bilionários para realizar no Brasil a Copa das Confederações neste mês, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016.

A imagem que Lula queria vender do Brasil, com essas competições esportivas, não é a que se estampa agora em jornais e televisões do mundo inteiro. Só para ficar numa manifestação local, a de Belo Horizonte, na segunda-feira. Ela começou na Praça 7, com milhares de pessoas, de forma pacífica. E continuou assim pela avenida Antônio Carlos, com raros casos de vandalismo, até se aproximar do Mineirão e encontrar um cordão de isolamento formado pela Polícia Militar.

Ninguém mais podia passar, pois começava ali a área de segurança da Fifa. É que dentro do estádio jogavam as seleções da Nigéria e do Taiti, com a presença de 20 mil pessoas. Metade das quais com ingressos distribuídos gratuitamente pelo governo para que pequeno público no gigantesco estádio não fosse um vexame. Sem a interferência da PM, para cumprir exigências da Fifa, a manifestação talvez tivesse terminado como começou, pacificamente.

Se pudesse voltar no tempo, o governo teria investido mais nas coisas que agora os manifestantes estão a exigir nas ruas. Não teria tomado decisões de forma isolada da população. Ontem, ao discursar na solenidade de assinatura do projeto de lei que cria o novo marco da mineração, a presidente Dilma Rousseff comentou essas manifestações. Chegou a elogiá-las, dizendo que a democracia brasileira ficou mais forte. Mas, quase uma desculpa, disse que “as exigências da população mudam” e que os cidadãos querem mais e têm direito a mais.

É de se perguntar: quando o governo Lula decidiu trazer para o Brasil as três competições, era isso que a população exigia naquele momento? Ou já então havia outras prioridades que teriam sido atendidas se o governo tivesse ouvido a voz das ruas? Parece ouvir agora. Mais que isso, a entender, a julgar pelo discurso da presidente: “Essa mensagem direta das ruas é pelo direito de influir nas decisões de todos os governos, do Legislativo e do Judiciário. Essa mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público”.
 

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