Mercado interno de algodão com baixa qualidade

Está faltando algodão de qualidade no mercado interno. Fatores climáticos provocaram perda na produtividade da pluma. Com isso, os produtores têm optado por enviar as melhores fibras para o exterior, cumprindo contratos de exportação. A informação é da Gazeta Mercantil.

Com 76% da área colhida, a produção estimada é 3,9% inferior aos primeiros levantamentos do governo. Mas há quem estime que a quebra possa chegar a 10%. A safra do algodão está avaliada pela Conab - Companhia nacional de abastecimento em 1,31 milhão de tonelada - mesmo assim, volume 0,7% inferior ao do ano passado.

- O produtor está entregando o exportável com medo de não ter fibra de qualidade suficiente - diz Michele Campion, do Cepea - Centro de estudos avançados em economia aplicada.

O analista Antônio do Rego Freitas Filho, da Horus consultoria diz que ainda não existem índices de quanto da safra terá menor qualidade, mas que o clima influenciou o desenvolvimento da fibra.

CHUVA E SECA

O excesso de chuvas no início do ano na Bahia e a seca antecipada no Centro-Oeste provocaram perdas na qualidade e na produtividade do algodão. Segundo a consultoria Safras & Mercado, a quebra em Mato Grosso chega a 10%. De acordo com cálculos da Abapa - Associação dos produtores de algodão da Bahia a produção na região vai ser até 10% inferior ao estimado, somando 290 mil toneladas de pluma.

Apesar de uma produção menor, ainda será superior ao consumo e, com isso, os preços estão em queda. Desde novembro de 2004 que as cotações estão inferiores ao custo de produção. Naquele mês, o valor pago ao produtor era de R$ 1,39 a libra-peso, para um preço mínimo de R$ 1,35 a libra-peso. Ontem, estava cotado a R$ 1,12 a libra-peso, segundo o Cepea.

Os baixos preços devem provocar redução na área cultivada com algodão para o próximo ano.

- Os produtores não vão agüentar dois anos seguidos com problemas - disse Miguel Biegai Júnior, analista da Safras & Mercado.

Ele acredita em uma superfície plantada 5% a 10% inferior a da safra passada em todo o País.

- Fala-se em manutenção ou redução de até 5%. Isso porque o estado é o que, nos últimos anos, tem registrado aumentos significativos, na contramão do restante do Brasil - diz Walter Horita, presidente da Abapa.