A chanceler alemã Angela Merkel chegou neste domingo à Arábia Saudita, onde se espera que ela pressione a realeza em várias questões sensíveis, incluindo a acolhida de refugiados, enquanto tenta impulsionar negócios em sua primeira visita ao país em sete anos.
Merkel encontrou o rei Salman e deve visitar os Emirados Árabes Unidos na segunda-feira. A Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos são os maiores parceiros comerciais da Alemanha no Oriente Médio. Durante as conversas com os líderes, Merkel deve pressioná-los a fazer mais para acolher os refugiados e proporcionar ajuda humanitária às pessoas que fogem de conflito em países de maioria muçulmana. A Alemanha acolheu centenas de milhares de pessoas da Síria, do Iraque e do Afeganistão nos últimos anos.
Merkel também deve levantar a questão do financiamento da Arábia Saudita a instituições religiosas que podem estar espalhando uma versão fundamentalista do Islã ao redor do mundo, inclusive em países como Mali e Níger, disseram autoridades alemãs que falaram sob condições de anonimato.
Arábia Saudita fechou recentemente vários estabelecimentos institucionais na Alemanha após a pressão de Berlim, incluindo uma escola financiada pelo Rei Fahd nos subúrbios de Bonn. As autoridades alemãs haviam manifestado preocupação com a possibilidade da escola ser usada para difundir a ideologia fundamentalista.
Como outras visitantes femininas de alto nível, Merkel não cobriu seu cabelo nem usou um manto preto tradicional à chegada ao reino. Ela deve participar de encontro com empresárias sauditas durante sua visita de dois dias em apoio aos direitos das mulheres. A própria Merkel apoia uma proibição na Alemanha de funcionários públicos usarem um véu cobrindo o rosto em escolas públicas, Cortes e ao dirigir. A maioria das mulheres sauditas usa o véu completo, conhecido como niqab, em linha com a conservadora interpretação do Islã.
Merkel viaja com uma delegação que inclui presidentes de empresas alemãs. A Arábia Saudita está buscando atrair investimentos e diversificar sua economia, de forma a reduzir sua dependência do petróleo, a espinha dorsal de sua economia.
A agência oficial saudita informou que os dois países assinaram diversos memorandos de entendimentos destinados a reforçar a cooperação nos campos da tecnologia, energia, negócios e segurança.