Merkel visita Moscou e troca farpas com Putin sobre prisão de banda

Folhapress
16/11/2012 às 17:19.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:20
 (Alexei Nikolsky/AFP)

(Alexei Nikolsky/AFP)

SÃO PAULO - O presidente russo, Vladimir Putin, e a chanceler alemã, Angela Merkel, trocaram farpas ao se encontrarem, nesta sexta-feira (16), em Moscou. O motivo foi a prisão das integrantes do grupo punk Pussy Riot, em fevereiro passado. Duas das três jovens da banda foram condenadas a dois anos de prisão por terem tentado apresentar uma música anti-Putin em uma catedral da cidade. A terceira foi absolvida.

"Não sei se elas deveriam ter sido presas nem se isso aconteceria na Alemanha", disse Merkel. Em resposta, Putin acusou o grupo de antissemitismo, e insinuou que a chanceler está mal informada sobre a "real natureza" do Pussy Riot. Ele pediu que o caso fosse analisado "sob todos os pontos de vista".

O presidente disse que uma das integrantes do já havia participado de uma performance que enforcou vários bonecos representando imigrantes, homossexuais e judeus e defendeu a ideia de que "Moscou tinha de ficar livre dos judeus".

O encontro entre Merkel e Putin acontece em meio a críticas crescentes da Alemanha ao histórico dos direitos humanos da Rússia e aos movimentos do país para reprimir a dissidência. Na semana passada, o Parlamento alemão aprovou uma resolução que relaciona o retrocesso nas liberdades democráticas russas com o retorno de Putin ao Kremlin, em maio, e pede que Berlim seja mais severa em relação ao país. O vice-presidente da União Democrata-Cristã Alemã (CDU), Andreas Schockenhoff, afirmou que certas leis e decisões adotadas na Rússia nos últimos meses mostram que o país vê a atividade civil como uma ameaça, e não como um elemento construtivo do sistema democrático.

Durante o encontro, Merkel disse que a Rússia não deve ver todas as críticas como destrutivas e que o governo deve levar em conta a opinião da oposição. "Não devemos ter medo de que as pessoas tenham outros pontos de vista, pois sempre se pode aprender algo com os outros."

Merkel também comentou que a cooperação econômica entre os dois países se dá de forma excelente. "O fato de sermos sócios no âmbito econômico não significa que não possamos discutir outros assuntos." Putin rebateu dizendo que a Rússia escuta os seus sócios. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, Moscou atribui o recrudescimento da retórica anti-Rússia na Alemanha à proximidade das eleições alemãs, marcadas para 2013.

 

 
 

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