Após 40 dias, metrô voltou a funcionar integralmente em Belo Horizonte (Valéria Marques/Hoje Em Dia)
O metrô de Belo Horizonte voltou a circular de forma integral nesta segunda (2), mais de 40 dias após o início da paralisação. Entretanto, segundo o Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro/MG), a greve pode voltar a qualquer momento caso "o governo se aproveite dessa pausa para tentar aprovar algo que ataque os direitos da categoria".
A suspensão, segundo Sindimetro, acontece "em consideração ao quanto a população da Grande Belo Horizonte está sendo penalizada e sacrificada". De acordo com Pablo Henrique Ramos de Azevedo, diretor de comunicação do Sindimetro/MG, em função da diminuição da frota de ônibus, há a expectativa de que o número de usuários do metrô seja ainda maior que antes do início da greve.
Ainda de acordo com ele, há uma promessa de reunião entre o Programa de Parcerias de Investimento (PPI), que conduz o processo de privatização, e os metroviários.
Daniela Pereira comemorou o retorno do funcionamento do metrô na capital (Valéria Marques/Hoje Em Dia)
Movimentação
Os trens voltaram a circular a partir das 5h15 e funcionarão até 23h. Na manhã de hoje, foi possível observar o aumento de passageiros e estações novamente lotadas.
A estimativa era que 70 mil pessoas estivessem sendo prejudicadas diariamente com os trens funcionando apenas das 10h às 17h. Uma dessas pessoas é a técnica em enfermagem Daniela Pereira. De acordo com ela, sem o metrô, era necessário gastar mais dinheiro para poder chegar no local de trabalho.
"Nossos empregadores dão o vale transporte para o metrô. Uma vez que a gente não consegue usar em tempo hábil - eu, por exemplo, pego metrô às 5h45 da manhã -, tenho que depender de dinheiro para chegar de outra forma", disse.
Além da economia de dinheiro, também há economia de tempo.
"O metrô é mais fácil de chegar no Centro de BH, os ônibus ficam muito lotados. Demoro uma hora a menos para chegar de metrô comparado ao ônibus, com metrô fica muito mais fácil", comenta Bárbara Almeida, que é operadora de telemarketing e precisa se deslocar diariamente de Contagem até BH.
Desdobramentos
Nesta terça (3), está prevista ainda uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que discutirá os reflexos da greve.
A reportagem do Hoje Em Dia entrou em contato com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte para buscar informações sobre o volume de passageiros e o movimento nas estações nesta manhã, mas ainda não obteve resposta.
A Secretaria da PPI também foi consultada sobre a reunião e aguarda o retorno.
Reivindicações
Os metroviários iniciaram o movimento grevista no dia 21 de março buscando estabilidade após o processo de privatização da CBTU-BH. Os trabalhadores pleiteiam a possibilidade de transferência para outras unidades da CBTU, uma vez que há outras unidades em Natal, Recife, Maceió e João Pessoa. A posição oficial do governo é que, após a privatização da CBTU, os funcionários terão estabilidade de 12 meses.
A CBTU-BH informou que vinha tomando todas as medidas judiciais e administrativas possíveis na tentativa de suspender o movimento de greve.
*Com informações de Valéria Marques