Mesmo com vantagem apertada, Espanhóis ainda apoiam conservadores, segundo boca de urna

AFP
20/12/2015 às 19:22.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:24

Os espanhóis puniram neste domingo a "velha política", dando uma vantagem apertada, em número de votos, para os conservadores de Mariano Rajoy e impulsionando com força o partido antiausteridade, segundo as pesquisas de boca de urna.

Se estes resultados forem confirmados, o Partido Popular (PP), de Rajoy, perderia a maioria cômoda de 186 deputados conquistada em 2011. Uma pesquisa da Demoscopia para a TV pública espanhola dá ao PP 26,8% dos votos, que lhe concederiam entre 114 e 118 deputados em uma câmara de 350.

Seguem-no, em porcentagem de votos, o Podemos, com 21,7% (76-80 cadeiras); o socialista PSOE, com 20,5% (81-85); e a outra nova formação que surge com força no parlamento espanhol, acabando com mais de 30 anos de bipartidarismo, o centrista Ciudadanos, com 15,2% (47-50 deputados).

O PSOE afunda, assim, em sua derrota de 2011, quando, culpado por muitos espanhóis pela crise econômica incipiente, obteve o então pior resultado de sua história (110 deputados). Também põe em xeque a liderança da esquerda por seu secretário-geral, Pedro Sánchez, 43, frente ao auge do líder do Podemos, Pablo Iglesias.

Iglesias, um professor universitário de 37 anos que fundou o partido há apenas dois anos, volta a surpreender, após conquistar cinco eurodeputados em 2014 e impulsionar a vitória, em maio, de prefeitos "indignados" em cidades como Madri e Barcelona.

"A partir desta noite, certamente, a história do nosso país vai mudar", afirmou Iglesias ao votar, à tarde, no bairro de Vallecas, em Madri. "Estamos ante uma nova transição democrática, ante uma nova era" afirmou o advogado Albert Rivera, 36, líder do Ciudadanos.

Com as projeções das pesquisas, a formação de maiorias se anuncia difícil. "Sou partidário de que, na Espanha, governe a maior força política, a que tiver mais apoios e votos", repetiu Rajoy nas últimas semanas.

Durante todo o dia, em muitos colégios eleitorais, sopravam ventos de mudança, e eleitores mostravam sua esperança de um fim do sistema reinante desde 1982, sete anos após a morte do ditador Francisco Franco (1939-1975).

"Estamos há muitíssimos anos com o bipartidarismo, temos que renovar a política, PP e PSOE se acomodaram e se esqueceram de nós. Devemos dar uma oportunidade para os novos", disse à AFP Francisco Pérez, um trabalhador autônomo de 53 anos, que votou em Hospitalet de Llobregat, no nordeste do país.

"Gostaria que houvesse uma mudança, para que o novo governo olhe um pouco mais para o povo. Agora, vejo nossos dirigentes mais voltados para as políticas impostas por Bruxelas e Alemanha", comentou Juan José Rodríguez, 43, no bairro popular Lavapiés, em Madri.

Como muitos espanhóis, este gerente de um pequeno negócio discorda da mensagem de recuperação econômica com a qual Rajoy buscou a reeleição.
Mas nem todos os espanhóis apostam em uma mudança incerta e um governo instável.

"Não ficamos quatro anos sofrendo para que, agora, tudo vá para o lixo", disse, em um dos bairros mais aristocráticos de Madri, María José Pyñeiro, 52, diretora de uma revista de moda.

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