Micro e pequenas empresas contratam quatro vezes mais que médias e grandes

Paula Machado
02/08/2019 às 20:28.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:50
 (Maurício Vieira )

(Maurício Vieira )

Micro e Pequenas Empresas (MPE) mineiras encabeçaram um aumento, ainda que sutil, no número de postos de trabalho durante o primeiro semestre de 2019, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Estado foi o segundo no ranking a gerar mais contratações no período, com 88 mil novas vagas, ficando atrás somente de São Paulo, com 151 mil.

O saldo gerado pelas MPE de Minas nos seis primeiros meses do ano, de 67 mil, foi quatro vezes superior ao das médias e grandes, de 17 mil. Os setores que mais se destacaram no intervalo foram de agropecuária, extração vegetal, caça e pesca e serviços, responsáveis por 80% das admissões. Além disso, o excedente da temporada é 2% maior do que na mesma época de 2018.

Em junho deste ano, o setor agropecuário foi o maior responsável por incorporações, com 6 mil, seguido pelo de serviços, com 3 mil. No entanto, ao comparar o excedente dos cinco últimos anos, chama a atenção o crescimento de empregos pelo comércio, que vinha sofrendo quedas consecutivas desde 2015, quando perdeu quase 1,9 mil postos. Já os serviços haviam perdido 2 mil vagas no mês equivalente de 2016 – época da maior baixa registrada no setor, durante o intervalo.

Para a analista do Sebrae Gabriela Martinez, há “uma gradativa melhora, embora tímida”. “A velocidade da progressão não está como gostaríamos, mas vem avançando aos poucos. Ainda não chegamos aos patamares que tínhamos entre 2010 e 2012”, diz.

O fato de as micro e pequenas empresas terem grande relevância nas contratações durante o primeiro semestre de 2019, por sua vez, é justificado por elas serem “mais sensíveis” às transformações no cenário econômico, sendo as primeiras a sentirem tanto as pioras, quanto as melhoras, e servindo, portanto, como “termômetro” da macroeconomia.

“Por outro lado, as micro e pequenas representam 99% das empresas do Estado e são detentoras de 61% dos empregos. Então, elas sempre terão essa movimentação mais intensa de demissões ou admissões”, explica a especialista, com base nas estatísticas do último Registro Anual de Informações Sociais (Rais), de 2017.

Empregadores

Fundador da corretora de seguros BH Garantia, Fábio Carvalho contratou uma nova auxiliar de escritório no início deste ano, contabilizando quatro colaboradores atualmente. Até o fim de 2019, o empresário espera ter cinco pessoas na equipe. Riva Moreira 

O corretor Fábio Carvalho espera ter cinco funcionários até o fim de 2019; a empresa tem três anos de mercado

Para Carvalho, o fato de o empreendimento se configurar como uma microempresa facilita o crescimento a médio prazo. “Tenho um custo administrativo enxuto, o que me permite ser mais competitivo com relação aos preços. Posso trabalhar com um nível de comissionamento menor, lucrando pouco em cada negócio, mas com um índice de conversão grande”, relata o corretor.

Já a proprietária da Letra Comunicação e Marketing, Deborah Ribeiro, aponta o aumento da procura por serviços de marketing digital como fator preponderante para a maior oferta de empregos em sua agência. “As empresas precisaram se adaptar para o online, e nós desenvolvemos esse trabalho”. 

Incentivo é fundamental para os pequenos, diz especialista

A analista do Sebrae-MG Gabriela Martinez defende que o governo estadual pode e deve implementar políticas de incentivo para a criação e permanência das micro e pequenas empresas em Minas Gerais. “Esses negócios precisam de um ambiente favorável para crescer. Muitos abrem, mas, sem estrutura, acabam fechando. Nesse sentido, o Estado pode contribuir muito, apesar não conseguir controlar tudo”, afirma Gabriela.

Para a diretora da Letra Comunicação e Marketing, Deborah Ribeiro, o tempo de mercado foi essencial para a ampliação da cartela de clientes e, consequentemente, dos funcionários da agência, atualmente com 11 anos. “Hoje, 90% da clientela chega até nós por meio de indicações. No início, a gente batia muito com a cara na porta. Porém, há dois anos começamos a ter um retorno espontâneo. Se a demanda pelos serviços continuar aumentando, talvez contratemos mais pessoas no próximo ano”, conta a empresária.

Segundo Deborah, a expansão do faturamento da Letra, em 2018, foi de 52%. E, somente no primeiro semestre deste ano, aumentou 56%, com expectativa de mais 30% de crescimento até o fim de 2019. Por outro lado, o diretor da BH Garantia, Fábio Carvalho, atribui o incremento de colaboradores ao fato de a corretora “ter começado do zero” neste triênio. 

“Existimos desde 2016, e em 2019 contratamos a quarta pessoa da equipe. Até o fim do ano, espero completar cinco servidores. No entanto, não acredito que nos próximos três anos vamos contratar outros cinco empregados”, relata Fábio.

Outro fator apontado por ele como relevante para o alargamento do quadro funcional é a peculiaridade de o segmento de seguros não ter sofrido tanto com a crise. “Nesse momento, o pessoal não pode contar com a sorte”, diz.

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