Militares isolam TRF; Lula vai a atos em Porto Alegre

Ricardo Galhardo, enviado especial, e Taís Seibt, especial para AE
23/01/2018 às 07:59.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:54

O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), onde será julgado nesta quarta-feira, 24,, a partir das 8h30, o recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a condenação a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, será isolado por via "aérea, terrestre e naval" do meio-dia desta terça-feira, 23, até as 7 horas de quinta-feira. Atiradores de elite também vão atuar na operação. O petista viajará nesta terça a Porto Alegre para participar à noite de um ato em sua defesa, mas vai acompanhar o julgamento de São Paulo.

Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, no caso do triplex do Guarujá (SP), acusado de ter recebido R$ 2,2 milhões da empreiteira OAS como propina por meio da reforma do imóvel. Para o juiz, ele beneficiou a construtora em contratos com a Petrobras. O petista alega inocência, pede para responder em liberdade e requer a prescrição da pena, caso a sentença seja confirmada.

"Vou a Porto Alegre agradecer à solidariedade do povo que está se manifestando", disse nesta segunda-feira, 22, o petista durante ato com sindicalistas no Instituto Lula, em São Paulo. Uma equipe de segurança, à qual tem direito como ex-presidente, esteve na capital gaúcha para vistoriar os locais que ele visitará.

A expectativa é de que 50 mil militantes pró-Lula participem nesta quarta-feira de manifestações na capital gaúcha. O esquema de segurança é semelhante ao adotado quando da visita do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama ao Brasil, em 2016.

"Vamos estar preparados para identificar quem queira fazer qualquer manifestação que contrarie a legislação, até mesmo os mascarados", disse o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer. Ele afirmou também que há acordo estabelecido com movimentos sociais para cooperação e eventual responsabilização em caso de atos de violência ou depredação. Para evitar atos de violência, a orientação dos organizadores dos protestos é para que os militantes não cubram seus rostos.

Porto Alegre tem recebido manifestantes pró e contra o petista desde domingo. Nesta segunda, cerca de 3 mil integrantes da Via Campesina começaram a chegar de Estados vizinhos, de acordo com a organização de atos.

No início da manhã, os manifestantes participaram de uma marcha com a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), o ex-ministro e vice-presidente do PT Alexandre Padilha, o senador Lindbergh Farias (RJ), o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, o deputado Paulo Pimenta (RS) e o líder do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stédile - que aconselhou Lula a não ficar em Porto Alegre.

O ato com o ex-presidente está previsto para as 17 horas na Esquina Democrática, tradicional local de manifestações políticas no centro da capital gaúcha e ainda nesta terça ele deve voltar para São Paulo, conforme antecipado pelo Estado em 2 de janeiro. Na capital paulista, onde o petista vai assistir ao julgamento, há previsão de atos contrários e favoráveis a ele na Avenida Paulista e na Praça da República.

Operação

Em Porto Alegre, aeronaves farão o monitoramento do espaço aéreo e embarcações das forças de segurança já estão posicionadas na Orla do Rio Guaíba, nas imediações do Tribunal, para evitar qualquer tipo de acesso à zona restrita. Há a possibilidade do uso de helicópteros para o transporte dos desembargadores até a Corte, caso haja risco ou impedimento rodoviário.

Por via terrestre, a restrição ao perímetro do TRF-4 será demarcada por meio de gradis, além da presença de efetivo policial. Haverá apenas um acesso ao local. O bloqueio da área afetará o expediente de órgãos públicos, que ficarão fechados a partir do meio-dia. Cerca de 20 linhas de ônibus terão rota desviada a partir da meia-noite.

A circulação até mesmo de pedestres será controlada no local a partir da tarde desta terça, sem horário definido para desbloqueio. Além do entorno do TRF-4, também a Avenida da Legalidade, no acesso à capital gaúcha, terá o trânsito desviado a partir das 5 horas de quarta.

O secretário de Segurança Pública disse que atiradores de elite vão ficar no topo de edifícios próximos ao perímetro com a função de observadores, filmando e fotografando os manifestantes. "A presença de atiradores de elite faz parte de qualquer processo de prevenção", afirmou Schirmer. As ações em apoio a Lula estão marcadas no centro da capital. Os atos contrários devem ocorrer no Parque Moinhos de Vento, o Parcão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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